quarta-feira, 30 de janeiro de 2013


LEMBREI D’AVÓ MARCOLINA

(Carlos Celso Uchôa Cavalcante-29/janeiro/2013)

Com minha avó Marcolina
Muitas vezes conversei
Hoje dela me lembrei
De forma bem genuína.

Pareceu-me estar presente
Falando à sua maneira
Ao reclamar brincadeira
Quando dizia, “oxente!”.

Nesse “oxente” ficava
Eu também obedecia
E minha avó se calava.

Muito carinho me deu,
Perdi parte da alegria
Depois que vovó morreu.

MEU TEMPO (Carlos Celso Uchôa Cavalcante-30/jan./2013)


MEU TEMPO

(Carlos Celso Uchôa Cavalcante-30/janeiro/2013)

Personagem do passado, do tempo de antigamente,
Até me sinto contente se me chamar de quadrado;
Posso até ser antiquado, mas sei que sou diferente,
Também sei que sou decente ao olhar tudo ao meu lado.

Sou do tempo em que o idoso de todos tinha o respeito,
Não negavam seu direito, num clima bem amistoso;
Tempo que lhe fez ditoso, sem esse vil preconceito,
Que se vê hoje em trejeito de modo não respeitoso.

Sou do tempo em que o amor realmente existia
E num clima de alegria todos tinham seu valor,
Pedia-se, por favor, com boa tarde ou bom dia,
Respeitando a senhoria, fosse senhora ou senhor.

Sou do tempo em que os filhos pediam benção do pai
Ação que hoje se esvai provida de empecilhos
Uma vivência sem brilhos na família se contrai
A compostura decai como um vagão cai dos trilhos.

Sou do tempo em que a decência se irmanava à lealdade
Tempo que de honestidade não se sentia carência
Tempo que obediência não escolhia idade
Tempo em que a verdade tinha sua evidência.

Esse é o tempo já ido que posso dizer foi meu
Quem também nele viveu não pode estar esquecido
Qual um pássaro ferido sem achar o ninho seu
Porque de tudo esqueceu num presente corrompido