sábado, 31 de outubro de 2009

TROPEÇOS

(Carlos Celso-CARCEL)

Que bom seria se a gente
lembrasse assim de repente
do tempo em que foi criança
e podesse reviver
fazer tudo acontecer
daquela infantil bonança.

Que bom seria se os anos
não fossem tão levianos
a ponto de nos ferir
e podéssemos pará-los
depois com carinho voltá-los
fazendo-os retroagir.

Que bom seria se houvesse
um processo que fizesse
o nosso tempo mais lento;
não sei se é otimismo
ou um pouco de egoísmo
alimentar este intento.

É que a nossa passagem
nesta vida de enganagem
é deveras diminuta;
a gente entra em batalha,
mas, um dia se atrapalha
e infeliz perde a luta.

Porque nascer inocente
e viver tão dependente
se há pouco a se saber?
porque as fases diversas
tornam as coisas dispersas
sem nos deixar conhecer.

Eu fui bebê, fui criança
me enchí de esperança
adolescente, rapaz...
hoje um adulto cansado
me sinto quase acabado
pois estou velho demais.

Por isto é meu preferir
poder tudo resumir
em uma só trajetória
desde bebê a coroa
só para que numa boa
possamos contar vitória.

TUA MANIA

(Carlos Celso-CARCEL)


Porque arquitetaste essa mania,
pensar que estou sempre com alguém?
se o meu peito tú ocupas noite e dia
e meu amor por tí não troco com ninguém.

Às vezes digo que a solidão
como minha companheira se define,
porém, olhando o lado da razão,
estou mais só que alguém imagine.

Tenho comigo um amor gigante
que no meu ego cresce a todo instante
em proporções que já não têm mais fim.

Mas não posso tratar este sentimento
de companheiro, porque ele é complemento
de todo o eu, ele faz parte de mim.

TRINTA MOEDAS

(Carlos Celso-CARCEL)


Trinta moedas foi este o valor
de uma vida, mas não foi a tua
porque nas escrituras se sitúa
que morrerias pelo pecador.

Era a vontade do pai o que passastes
ser perseguido, preso e humilhado
em um madeiro ser crucificado
tudo cumprido foi e nos salvastes.

Por um apóstolo fostes traído
entre os doze também escolhido
porém sabias e foi declarado.

Na traição aquela recompensa
ao traidor já dava uma sentença
arrepender-se e morrer enforcado.

TUA PRESENÇA

(Carlos Celso-CARCEL)


Lembro-me, agora, que contamos juntos
as piruetas que a vida faz,
eras adulto, porém, eu rapaz
mas não influía nos assuntos.

Bem mais astuto nos assuntos sérios
dizias, filho! como assim tratavas
e eu atento via que falavas
no decorrer, das coisas, sem mistérios.

Hoje, aqui não mais te posso ver,
porém, a mente faz que eu possa ter
tua lembrança viva em minha frente.

Tua matéria jaz em um sepulcro,
não sei se a morte tem com isto lucro,
porque... estás ainda entre a gente.


(Alusivo ao poeta/professor/filósofo, postumamente, WALDEMAR CORDEIRO)

TEU AVÔ, TEU AMIGO

(Carlos Celso-CARCEL)


Minha querida netinha
meu coração pra tí rir,
sou feliz por existir
você, linda princesinha.

Tens cabelos cor do ouro,
olhos azuis, pele clara,
és a minha jóia rara,
és meu pequeno tesouro.

Perto de tí ou distante,
não interessa o instante,
estarei sempre contigo.

Este meu peito em brasa,
meu amor, é tua casa,
sou teu avô, teu amigo.