terça-feira, 29 de março de 2011

INFORTÚNIO

Carlos Celso-CARCEL (29/março/2011)


Cara lacada por tanto desgoto
mórbido semblante refém da mágoa
não sei se minha lágrima enxágua
as doloridas manchas do meu rosto.

Fui construtor de um castelo lindo
nesse castelo inserí amor
meu brio tentou ser imperador
mas a desdita destruiu sorrindo.

Tinha regato, água transparente
a passarada, num jardim, contente
um colorido imenso do floral.

Hoje não vejo nada que eu via
na minha incontida fantasia,
só vejo água suja, lamaçal.

terça-feira, 15 de março de 2011

CISMA DA MORTE

Carlos Celso-CARCEL (15/março/2011)


Estou indo-me, não sei quando, mas estou;
já sinto uma mão puxar-me forte,
não sei! mas imagino seja a morte
aniquilando-me no pouco que restou!

Nasci, tive um espaço outorgado
com meu arbítrio, para fazer escolhas
tal como um pingo de orvalho sobre folhas
a enfrentar as intempéries do passado.

Eu vivi as fases diversificadas,
situações de amor ou profanadas
mas procurei no bem me inspirar.

Com meus decênios fui envelhecendo,
vi tantas coisas boas perecendo
e hoje sinto a morte me espreitar!

domingo, 6 de março de 2011

MÁ COLHEITA

De tudo que na vida eu plantei
só percebi o bom que foi colhido,
hoje de um plantio envelhecido
vivo a colher o que ignorei.

Do fruto doce sinto azedume,
vejo das plantas cairem folhagem,
o belo transformou-se em miragem,
olho a flor e não sinto seu perfume.

Um castelo de sonhos que ergui,
com a realidade do hoje demoli
e fiquei à mercê dos seus escombros.

Foram muitos meus erros, e ileso
não fiquei a ferida é este peso
da desdita que trago sobre os ombros.


(06/março/2011)