domingo, 29 de novembro de 2009

O AMARGO DOCE

(Carlos Celso-CARCEL)


Amar é doce, amar é aprazível,
também existe no amor a amargura,
às vezes num enlevo de doçura
há peripécias que nos torna desprezível.

Amar, um sentimento consequente
que atua em nossa sensibilidade,
causa desejos, até cria saudade,
mas é sublime este dom que há na gente.

O amor é obra divinal da criação,
sua pureza simboliza o coração
e a doçura sua simboliza o mel.

Mas o amor é romantismo por instinto
e às vezes o fazemos absinto
que é flor, porém amarga como fel.

PROFESSORA

(Carlos Celso-CARCEL)


Ah! quem dera eu podesse
voltar a ser estudante
na tua escola tivesse
vaga para um postulante.

A ser um aluno teu
e receber teu ensino
esquecer o que aprendeu
voltar a ser um menino.

Assim por certo teria
teu carinho, teu bom trato,
tua ação acolhedora.

Eu nem sei como seria
se eu fosse mesmo de fato
teu aluno, professora.


(10/julho/2007)

PORQUE?

(Carlos Celso-CARCEL)


Não é de gosto que profiro a mágoa,
não é com risos que profiro a dor,
não é por sede que derramo a água
e se me aqueço não é por calor.

Será por ódio que você me xinga?
ou por bravura que você me insulta?
que mal te fiz, de que você se vinga?
porque sou triste e você exulta?

Sou transparente no que sinto e quero,
até magoado mesmo assim venero
você com seu amor tão adverso.

Sinto uma dor pungente no meu peito
e submisso a esse teu conceito
vivo distante do teu universo.

PALHAÇO DA VIDA

(Carlos Celso-CARCEL)


O grande circo abre as cortinas,
você deslumbra jovial em minha frente,
tua beleza com poder incontinente
somente a tí mostrava entre outras meninas.

Meu pobre olhar só te enxegava a sós,
apesar da multidão que te cercava
eu te queria, eu já te amava,
a vida, então, abriu espaço a nós.

E neste espaço juntos convivemos,
eu e você casamos e fizemos
uma família bela e querida.

Mas teu amor a mim era escasso
a ponto de fazer-me este palhaço
que sou no picadeiro desta vida.

sábado, 28 de novembro de 2009

QUE SEJAS FELIZ

(Carlos Celso-CARCEL)


No transcorrer deste dia
em que fazes primavera
nesta vontade quimera
fico em minha fantasia.

Mas que o Deus atuante
derame sobre tí, graça
e na tua vida faça
felicidade constante.

Que os anos se multipliquem
e contigo apenas fiquem
coisas que te dão prazer.

Quero que sejas feliz
teu viver nada condiz
com meu modo de viver.

QUE PAI SOU EU?

(Carlos Celso-CARCEL)


Um grande pai pra tí desejei ser,
tive alegrias, também fiquei triste;
eras pequeno, nada disto viste
e se visses, como entender?

O sentimento é coisa abstrata,
a gente o tem e dá, não se percebe;
às vezes, quando em troca se recebe,
toda alegria no ser se retrata.

Naturalmente vê-se no semblante
o amor luzente em forma irradiante
quando a se sentir felicidade.

Hoje, porém, chego a sentir tristeza,
de nada mais eu posso ter certeza.
nem mesmo que pai sou, sem vaidade.

QUATRO DECÊNIOS DA IDA DO PAPAI

(Carlos Celso-CARCEL)

Hoje quarenta anos são passados,
com nitidez, a triste despedida
lembro-me, saía desta vida;
quatro decênios já são completados.

Te fostes, aqui ficou só a lembrança,
teus gestos, tua voz, teu semblante,
tanta peripécia conflitante
em minha vida, pois fiquei criança.

Hoje sou adulto e me reflete
a mente aquele dia vinte e sete
de maio, me fazendo relembrar.

Papai! que Deus te dê como presente
sua benção, para que aqui contente
eu fique e permaneça sem chorar.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

REMINISCÊNCIA

(Carlos Celso-CARCEL)

Depois de velho, mas não muito idoso,
ultrapassando um pouco os cinquenta
agora, no entanto, já saudoso
dos dez, dos vinte, trinta, dos quarenta,
porém, um grande amor que alimenta
meu coração cansado, envelhecido,
é tudo que me deixa convencido
que amar você só foi maravilhoso.

Lembro-me agora de viva memória,
um dia claro, já era tardinha,
alí tinha início nossa estória,
você tão linda, era uma vizinha
que atingiu de cheio a alma minha
quando nos vimos nos quintais das casas
meu olhos cintilaram como brasas
e por você a Deus pedí vitória.

Você fugiu de mim, te procurei
porque já te amava desde então;
por insistir demais te encontrei,
assim vitalizei meu coração
que transbordante de tanta paixão
te abrigou no fundo com carinho
e nós, os dois, fizemos nosso ninho
que entre erros e acertos conservei.

Hoje depois de tantos anos idos,
depois de ultrapassarmos empecilhos,
do nosso amor nós vemos já crescidos
os frutos à quem nós chamamos filhos,
o nosso trem jamais saiu dos trilhos,
a nossa vida a dois é uma viagem
em que o amor fizemos de bagagem
e os bons momentos jamais esquecidos.

Te agradeço, amor, por ser precisa
por existires, por ter te encontrado;
tal qual a flor necessita da brisa,
também preciso de você ao lado;
meu coração por tí foi resgatado,
me fiz teu súdito, Maria Luiza
eu serei sempre teu sacerdotado,
sempre serás minha sacerdotisa.

(Carlos Celso-CARCEL)


Quatro paredes, o teto, o solo frio e eu;
o silêncio que conforta ou que até martiriza.
da porta por suas frestas sinto o sopro da brisa
de fora ouço corrente a água, chove ou choveu.

E aqui no meu refúgio é imensa a solidão,
vejo luzes no seu teto a iluminar e aquecer;
sei que está claro, está quente, mas pareço nada ver,
na verdade sinto frio e só vejo escuridão.

Só imagino quão belo é o universo da vida
e dele quão distante fica a pessoa perdida
a flutuar nessa névoa como fosse o próprio pó.

Porém é como se fosse, porque é gente, é ser
ausente desse universo, mergulhado no sofrer;
é alguém abandonado, sem ninguém, um ímpar, só.

SOLIDÃO ACOMPANHADA

(Carlos Celso-CARCEL)


Estou entre vocês, porém, sozinho;
não tenho pais porque já faleceram,
esposa e filhos que me envelheceram
seriam aconchegos do meu ninho.

Que ninho, que nada, estou jogado à toa,
falta-me apoio da mulher que desposei,
autoridade com os filhos já nem sei
se da minha voz cansada e rouca ainda ecoa.

É triste envelhecer como envelheço,
será, meu Deus, que isto eu mereço?
meu próprio sangue me fazendo rejeitado?

Sou solitário mesmo entre tantos,
minh'alma desolada chora prantos
para regar a solidão acompanhada.

SEM

(Carlos Celso-CARCEL)


A terra por onde ando
talvez tenha até palmeira
e sabiás laranjeira
sobre a folhagem cantando.

Eu é que no meu reduto
cerebral sem devaneio
mesmo um pequeno gorjeio
faz tempo que não escuto.

Ouço sussurros e gritos
às vezes sons esquisitos
no meu subconsciente.

Canto aqui a minha terra
onde um grande exílio encerra
à quem chamam brava gente.


(06/fevereiro/2006)

SENTENÇA DE TE AMAR

(Carlos Celso-CARCEL)

Se não gostas de ouvir falar de amor
acho estranho mas mesmo assim respeito
outras coisas eu tenho no meu peito
que transforma alegria em dissabor
essa metamorfose que é pungente
desenvolve de modo inconsequente
um constante sentir chamado dor.

Falarei na modéstia dos meus versos
simplesmente de mim na solidão
gostaria de unir os universos
que talvez desse mais inspiração
porém esse gostar é devaneio
entre eu e você há um bloqueio
onde a sós eu te vejo em multidão.

O pior é saber que tudo sabes
que nessa transbordância do meu peito
entre dores e mágoas também cabes
e habitas impondo um preconceito
sem olhar qualidades ou pudor
sem medir na pessoa o seu valor
tú pareces só ver em mim defeito.

Também tenho virtudes, isto sei
mas não vês, não percebes, que fazer?
te mostrar as virtudes eu tentei
mas de mim nada queres tu saber
o amor não o vemos mas existe
sentimento que neste ser persiste
judiando de um peito a sofrer.

Mas o amor que não queres escutar
é o amor que transborda no meu ego
não reclamo a sentença de te amar
à cadeia dos sonhos me entrego
sofrendo por não ser correspondido
sei que estou na sentença incumbido
de carregar a dor que já carrego.

SEM EXPLICAÇÃO

(Carlos Celso-CARCEL)


Se não te vejo entristeço,
se te vejo me alegro,
à tua imagem me integro
por isto tanto padeço.

Imagino que tu fazes
parte do meu pobre ser
e com este meu sofrer
parece até que te aprazes.

Mesmo assim eu sinto ainda
por existires tão linda,
felicidade incontida.

Não sei explicar direito
o que sinto no meu peito
só que és por mim querida.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

TENSÃO

(Carlos Celso-CARCEL)

Dias passaram-se, não mais te ví,
desde aquele em que presenciei
teu mesmo corpo, teu mesmo semblante,
só que não era mais irradiante
como nas vezes que te ví sorrir,
como nas vezes que te abracei.

Estavas sério, o olhar oculto;
tive certeza que você dormia,
porém, de tua face palidez
deu à minha certeza invalidez
a provocar-me, a fazer insulto
à curiosidade que eu sentia.

Só percebí depois que tú estavas
numa acomodação a mim estranha;
um ataúde negro, envidraçado,
sobre o teu corpo todo ajardinado,
somente o rosto é que me mostravas
numa seriedade tão tamanha.

Era demais pequeno para tanto,
não entendia, ainda, a realidade,
porém, parece que a intuição
fez marejar profundo o coração;
sentí no íntimo deramar meu pranto
e comecei, então, sentir saudade.

Outros, de parte me observavam
e assistindo ao que sucedeu,
de um a um baixaram-se, falaram-me;
recordo, docemente acalentaram-me,
e entre carícias me pronunciavam
ríspidamente: o teu pai morreu.

(Por ocasião da chegada do féretro do meu pai em Recife/PE, que havia falecido na Bahia)

TEUS OLHOS AZUIS

(Carlos Celso-CARCEL)


Nem mesmo no azul de uma safira
que brilha de maneira singular
o brilho reluzente se insira
dos teus olhos azuis a cintilar.

Nem mesmo no azul do oceano
que suas águas mostra no infinito
se pode comparar de modo ufano
os teus olhos azuis de olhar bonito.

Nem mesmo no azul do grande céu
as nuvens a formar imenso véu
aos teus olhos azuis não nos conduz.

Porque são dádivas da natureza
em tí símbolo vivo da beleza
são lindos esses teus olhos azuis.

(21/julho/2007)

TRABALHADOR FELIZ

(Carlos Celso-CARCEL)


Me sentei no banquinho lá da praça,
contemplei o enorme arranha-céu,
até rí, quando ví que não arranha,
mas o povo na sua artimanha
esquecendo a torre de babel,
colocou esse nome, até sem graça.

Mas, alí, meditando me lembrava
quantas mãos levantaram grande prédio;
pedra, ferro, argamassa, ferramenta,
suor quente do rosto complementa
essa metamorfose de intermédio
que o grande gigante levantava.

Hoje olha-se, vê-se imponente,
vai-e-vém, entra e sai todos os dias,
paletó e gravata a vestimenta
de um povo que hoje lhe frequenta
ministrando as suas primazias;
se conhece, nem lembra, aquela gente.

Porém, lembro-me, pude um deles ser,
duas mãos calejadas entre tantas,
sinto, ainda, nos lábios o salgado
do suor que por mim foi derramado,
mas eu posso dizer que, como plantas,
monumentos enormes fiz crescer.

O diploma que na parede falta
eu o tenho nas mãos, são esses calos;
se não ouço chamar-me de doutor,
orgulhoso, ouço trabalhador;
numa vida de poucos intervalos
ser feliz não é ser de classe alta.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

ELA SÓ VÊ MEUS DEFEITOS - NÃO VÊ MINHAS QUALIDADES

Mote: Asa Branca do Ceará
Glosas: Carlos Celso-CARCEL

Quando um casal se conhece
troca juras de amor
cada qual mais sedutor
o seu parceiro enaltece
nada ruim aparece
só se enxerga bondades
comigo eu sinto saudades
mudaram todos preceitos
ELA SÓ VÊ MEUS DEFEITOS
NÃO VÊ MINHAS QUALIDADES.

Pouco tempo paquerei
e dando toda atenção
quando abrí meu coração
de repente namorei
como aconteceu não sei
perdí minhas vaidades
o que já fora beldades
mudou e sentí efeitos
ELA SÓ VÊ MEUS DEFEITOS
NÃO VÊ MINHAS QUALIDADES.

Sei que não sou cem por cento
nas bondades que possúo
mas na vida me sitúo
a ter sempre bom intento
por isto as vezes lamento
quando me fazem maldades
vítima de falsidades
sonegados meus direitos
ELA SÓ VÊ MEUS DEFEITOS
NÃO VÊ MINHAS QUALIDADES.

Casamos e a filharada
a cada ano nascendo
pouco a pouco foi crescendo
era grande a criançada
que ralei pra ver criada
vivendo realidades
a buscar capacidades
enfrentando preconceitos
ELA SÓ VÊ MEUS DEFEITOS
NÃO VÊ MINHAS QUALIDADES.

(01/novembro/2009) enviado pelo poeta WELLINGTON VICENTE de Porto Velho-RO.-BR.
Obrigado, poeta!

sábado, 31 de outubro de 2009

TROPEÇOS

(Carlos Celso-CARCEL)

Que bom seria se a gente
lembrasse assim de repente
do tempo em que foi criança
e podesse reviver
fazer tudo acontecer
daquela infantil bonança.

Que bom seria se os anos
não fossem tão levianos
a ponto de nos ferir
e podéssemos pará-los
depois com carinho voltá-los
fazendo-os retroagir.

Que bom seria se houvesse
um processo que fizesse
o nosso tempo mais lento;
não sei se é otimismo
ou um pouco de egoísmo
alimentar este intento.

É que a nossa passagem
nesta vida de enganagem
é deveras diminuta;
a gente entra em batalha,
mas, um dia se atrapalha
e infeliz perde a luta.

Porque nascer inocente
e viver tão dependente
se há pouco a se saber?
porque as fases diversas
tornam as coisas dispersas
sem nos deixar conhecer.

Eu fui bebê, fui criança
me enchí de esperança
adolescente, rapaz...
hoje um adulto cansado
me sinto quase acabado
pois estou velho demais.

Por isto é meu preferir
poder tudo resumir
em uma só trajetória
desde bebê a coroa
só para que numa boa
possamos contar vitória.

TUA MANIA

(Carlos Celso-CARCEL)


Porque arquitetaste essa mania,
pensar que estou sempre com alguém?
se o meu peito tú ocupas noite e dia
e meu amor por tí não troco com ninguém.

Às vezes digo que a solidão
como minha companheira se define,
porém, olhando o lado da razão,
estou mais só que alguém imagine.

Tenho comigo um amor gigante
que no meu ego cresce a todo instante
em proporções que já não têm mais fim.

Mas não posso tratar este sentimento
de companheiro, porque ele é complemento
de todo o eu, ele faz parte de mim.

TRINTA MOEDAS

(Carlos Celso-CARCEL)


Trinta moedas foi este o valor
de uma vida, mas não foi a tua
porque nas escrituras se sitúa
que morrerias pelo pecador.

Era a vontade do pai o que passastes
ser perseguido, preso e humilhado
em um madeiro ser crucificado
tudo cumprido foi e nos salvastes.

Por um apóstolo fostes traído
entre os doze também escolhido
porém sabias e foi declarado.

Na traição aquela recompensa
ao traidor já dava uma sentença
arrepender-se e morrer enforcado.

TUA PRESENÇA

(Carlos Celso-CARCEL)


Lembro-me, agora, que contamos juntos
as piruetas que a vida faz,
eras adulto, porém, eu rapaz
mas não influía nos assuntos.

Bem mais astuto nos assuntos sérios
dizias, filho! como assim tratavas
e eu atento via que falavas
no decorrer, das coisas, sem mistérios.

Hoje, aqui não mais te posso ver,
porém, a mente faz que eu possa ter
tua lembrança viva em minha frente.

Tua matéria jaz em um sepulcro,
não sei se a morte tem com isto lucro,
porque... estás ainda entre a gente.


(Alusivo ao poeta/professor/filósofo, postumamente, WALDEMAR CORDEIRO)

TEU AVÔ, TEU AMIGO

(Carlos Celso-CARCEL)


Minha querida netinha
meu coração pra tí rir,
sou feliz por existir
você, linda princesinha.

Tens cabelos cor do ouro,
olhos azuis, pele clara,
és a minha jóia rara,
és meu pequeno tesouro.

Perto de tí ou distante,
não interessa o instante,
estarei sempre contigo.

Este meu peito em brasa,
meu amor, é tua casa,
sou teu avô, teu amigo.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

MINHA RECIFE

(Carlos Celso-CARCEL)


Recife bela cidade
és o berço em que nascí
doce lar em que viví
quando em minha mocidade
hoje já com mais idade
já não sendo mais criança
reflete em minha lembrança
coisas que não esquecí.

Em tí a natura exibe
te cruzando pelo meio
ornamentando teu seio
esse "Rio Capibaribe"
que em tí nada inibe
nem modifica teu cântico
vai desaguar no atlântico
um desfilar devaneio.

Esse azul a circundar
embelezando as raias
que em tí formam as praias
um ofertório do mar
que até nos faz navegar
mesmo estando distante
pelo quadro apaixonante
que se pode imaginar.

Teus prédios e monumentos
mostram perfil soberano
e faz o teu povo ufano
com os demais ornamentos
além dos tantos momentos
quando ondas espumantes
te trazem beijos constantes
mandados do oceano.

Teus bairros, teus ancestrais
as artes e o artesão
o lindo frevo canção
que animou teus carnavais
teu aeroporto, o cais
tua estação de trem
desativada porém
viva nessa explanação.

Tudo que tivestes vejo
através da minha mente
mesmo com o ego dolente
embargo a voz neste ensejo
para te dizer que almejo
nada em tí se desative
viva tudo que hoje vive
para orgulho da gente.

Maracatú e ciranda
bumba-meu-boi, caboclinho
pífanos e cavaquinho
e os tocadores da banda
tudo isso da varanda
tua gente ver passando
alegremente tocando
sorridentes com carinho.

"Minha Recife" é tão grande
teu folclore pra falar
e não precisa exaltar
pois por sí ele se expande
por onde quer que se ande
só se ouve bem de tí
enquanto eu por aqui
me orgulho em te amar.


(20/janeiro/2008)

LACUNA

(Carlos Celso-CARCEL)


Todo dia acordo no meu leito
escutando o relógio despertar
já é hora então de levantar
para usufruir do meu direito
pegar ônibus, trem ou caminhão
não importa qual seja a condução
importante é que eu vou trabalhar.

Deixo em casa feliz minha família
a cuidar da casinha e dos teréns
são pouquinhos demais os nossos bens
mas de que serviria a mobília
se emprego e salário eu não tivesse
e manter minha gente eu não podesse
a mercê nesse mundo de desdéns.

Muito há por aí desempregado
a vagar procurando um emprego
tantos "não que recebe" seu sossego
é tirado e lhe deixa humilhado
sai bem cedo até sem alimento
a família, coitada, sem sustento
sem comer, sem beber, sem aconchego.

O coitazdo deixa a família em casa
muito aquém dessa tal felicidade
convivendo com a má realidade
infortúnio que o desemprego embasa
quando alguns vive em plena mordomia
personagens da grande anarquia
que não têm à lei fidelidade.

É bem clara em seus termos a "lei madre"
ao fazer referência ao direito
e no que se legisla pra ser feito
não é camaradagem de compadre
entre outros, trabalho e moradia
pra ter teto e comida todo dia
isto é outorgado ao sujeito.

O sujeito que falo é o cidadão
ser humano igual a qualquer um
que a ele devia ser comum
o tratamento da "constituição"
mas os tais que à "lei" não têm respeito
fazem tudo que querem a seu jeito
sem pensar no "legal" momento algum.

Nossa lei só existe no papel
infeliz de quem pretender cumprí-la
essa pobre pessoa vão puní-la
pois é como existir papai noel
esses caras-de-pau de que falei
entre eles estão quem faz a lei
e também se encarregam de omití-la.

Lametável é a realidade
que só cego não vê e acredita
seduzidos por palavra bonita
na mentira que usam por verdade
personagens cabais da hipocrisia
isto é o que são na "dinastia"
de vilão, mercenário, parasita.

O QUE ÉS

(Carlos Celso-CARCEL)


Do teu semblante emana a sutileza
tão feminina, tão naturalmente,
a expandir em todo o ser somente
simplicidade em forma de beleza.

O teu olhar luzente e penetrante
em outros olhos por quais for fitado
deixa-os ilesos, deixa obcecado
na limpidez e brilho cintilante.

A tua voz é terna, melodiosa,
tua estrutura toda é formosa,
tú és mais uma entre as tantas aquarelas.

Cândida, meiga, doce, quase pura
é o que és por dote da natura
entre as tantas outras coisas belas.

O GAROTO E A ROSA

(Carlos Celso-CARCEL)


Encontrei uma rosinha
tão bonita! no jardim...
achando-a tão bonitinha
eu a guardei para mim.

Meus papais quando chegaram,
num repentino momento
me pegaram, me surraram
e a jogaram ao relento.

E depois mesmo chorando
eu a saí procurando
até que a encontrei.

E para o resto da vida
minha rosinha querida
tão cuidadoso guardei.

O TELEGRAMA

(Carlos Celso-CARCEL)


Mamãe! confesso que fiquei aflito
ao receber aquele telegrama,
em cujo tema, triste, esquisito,
me confessava tú prostrada à cama.

Porque será meu Deus? clamei ao céu,
que sobre quem por mim tanto sofreu
não fazer ser teu manto o seu véu
da proteção que sempre mereceu?

Noites insones, dias de jejum
fôra seu prêmio para me criar
e nada pude, em momento algum,
por recompensa lhe presentear.

Hoje que vejo-a em agonia,
te ofereço, Deus, a minha vida;
toma-me tudo, a vida, a alegria,
mas deixa em paz a minha mãe querida.

Se é pagamento por algum pecado
que a quisestes ao leito prostrada,
cobra-me tudo, Deus, sou desgraçado,
sem minha mãe a vida não é nada.

Assim, mamãe! eu blasfemei em brado
contra o supremo Deus que nos estima;
pede por mim: perdoe o meu pecado
e para mim o mal que te lastima.

O ABORTO

(Carlos Celso-CARCEL)


Segurei tuas mãos trêmulas, frias,
te puxei contra o corpo com carinho,
escutei murmurares bem baixinho,
porém, não entendí o que dizias.

Tua voz vagarosa se calou,
o teu corpo tombou, desfaleceu.
no instante pensei: ela morreu...
mas o meu pensamento me enganou.

Não morrias, porém, perdias vida
que no teu ventre quente embebida
tú geravas em nome do amor.

Desse amor o seu fruto estava morto,
infortúnio causara esse aborto,
mas tú vives, supera o dissabor.

NA SOLIDÃO

(Carlos Celso-CARCEL)


A solidão é um mundo
de tristeza e desalento
onde só há sofrimento
saudade e pesar profundo.

Imerso na solidão
vivo eu sem ter guarida
sem alegria na vida
sentindo a dor da paixão.

Você porém não percebe
que tudo enfim que sucede
em razão do meu amor.

Me massacra, me transtorna,
a minha vida transforma
e me faz um sofredor.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

NÃO TEMAS

(Carlos Celso-CARCEL)


Olha pra cima, ver que o céu existe,
que sobre as nuvens há um Pai Supremo.
na carne, às vezes, eu me sinto triste,
porém, na alma, eu a nada temo.

Deus enviou ao mundo o seu filho
para pregar o amor em sua glória,
foi humilhado, morto, mas com brilho
venceu o mundo e nos deu vitória.

Porque, então, se sou vitorioso;
se sou um filho de Pai Glorioso
hei de temer no mundo a potestade?

Não, meu irmão, só glórias a Jesús
cante louvores a quem lá na cruz
por nós morreu, mas tem a magestade.

NOITE DE NATAL

(Carlos Celso-CARCEL)


Ao longe a capela
repica seu sino
na noite tão bela
ao Deus pequenino.

Nos lares e rua
é tudo alegria
o amor flutúa
na paz e harmonia.

Diante da cruz
a vela, a luz
sobre o castiçal.

Nos lábios a prece
do ser que enaltece
a noite de natal.

NATAL DE JESÚS

(Carlos Celso-CARCEL)


Repiquem sinos
estourem cirandas
musiquem bandas
gracejem meninos.

Orem sacerdotes
roguem beatos
ao fato dos fatos
dotado de dotes.

É festa, alegria
em mais este dia
repleto de luz.

Foi quando nascia
de Deus e Maria
o menino Jesús.

QUISERA

(Carlos Celso-CARCEL)


Aqui neste papel apenas lês
os versos que eu faço com amor,
porém, meu sentimento tú não vês,
nem sentes o sabor do dissabor.

Te amo de maneira alucinada
e tú se quer percebe o meu sofrer,
tú és na minha vida a grande amada
e eu na tua vida um simples ser.

Quisera pelo menos pela sorte
ser paciente, ser também um forte
pra esperar resposta ao meu reclamo.

Sei que não vês a dor que me impertina,
mas... quem me dera o teu ser atina
e ver o quanto sofro e te amo.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

MEUS PENSAMENTOS

(Carlos Celso-CARCEL)


Tristes pensamentos vêm à mente
uma casa sem ninguém, um clima frio
teto, paredes e a solidão somente
não podem preencher o meu vazio.

Nem mesmo o rádio mais estou ligando
nada me importa nesta vida a sós
este silêncio vai por mim passando
deixando a escuridão que vem após.

Então, tento dormir mas não consigo
meu pensamento sempre está contigo
sozinho quem está é o meu ser.

E o pensamento sendo abstrato
está contigo, mas me faz de fato
sem tí, sentir vontade de morrer.


(26/junho/2007)

ME ESQUEÇA, POR FAVOR

(Carlos Celso-CARCEL)


Porque será que alguém está tentando
a tanto tempo destruir nossa vivência?
será que não lhe dói a consciência
e não vê que somos dois que estão se amando?

Essa atitude é de ódio puro,
essa pessoa não parece humana,
ela se trái e a sí própria engana,
não tem passado, presente, nem futuro.

Porque quem vive lembra o que passara,
vive o momento, pensa no advir
e a vida facilmente lhe sorrir.

É o contrário de quem já tentara
e tenta, ainda, acabar com o amor;
cuide de sí, me esqueça, por favor.

MINHAS COISAS

(Carlos Celso-CARCEL)


Cada figura que primo
satisfaz os olhos meus,
não te obrigo ou oprimo
a satisfazer os teus.

Deixem que as coisas existam,
por mais simples que pareçam,
não desarrumem, não gastem-as
desde que não te aborreçam.

Porém se te funde a cuca
e te traz contrariedades,
não alimente capricho.

Considere até maluca,
ignore as qualidades
e atire-as no lixo.

MEU LUGÁ

(Carlos Celso-CARCEL)


A paciênci'sgotou
cansei de num fazê nada
resolví dá uma andada
mas a famía ficou.

Era tempo de estío
dexei meu nordeste quente
vim pra SumPalo somente
padecê e sentí frio.

A sodade da famía
além do frio noite e dia
me deu desgosto profundo.

Então peguei minha mala
vortei veloz feito bala
pro mió lugá do mundo.

MEU PAI, QUE NUNCA TIVE

(Carlos Celso-CARCEL)


Trabalhei cedo, logo aos doze anos;
não por querer, mas por necessidade.
não é comum um jovem nessa idade
ser na família a razão dos planos.

Meu pai morrera, ignoro a causa
que à família sua, também minha
tenha deixado herança mesquinha
do desamparo e sofrer sem pausa.

Hoje, depois de tantos anos idos,
os que pequenos eram, são crescidos
e a família toda sobrevive.

Se não a Deus, a quem agradecer?
pela felicidade de viver
e ser meu mesmo o pai que nunca tive.

sábado, 12 de setembro de 2009

ME AME, AMOR!

(Carlos Celso-CARCEL)


Não tenha medo, amor! de me amar
o amor que a tí devoto é sincero
que tú me ames é o que mais quero
do meu amor não deves receiar.

Saiba, amor! que o amor que punge
um coração que ama à distância
é o mesmo amor que em sua substância
um sentimento bom na gente unge.

O meu amor, amor! é espontâneo
não é um sentimento instantâneo
que dá prazer e logo desvanece.

Então, amor! porque amar com medo
no coração não se guarda segredo
ame deveras a quem te carece.


(24/julho/2007)

MINHA NAMORADA

(Carlos Celso-CARCEL)


Eu sou teu namorado, tu não sabes?
vertemos nosso amor quando nos vimos,
talvez por tudo aquilo que sentimos
tenhamos embarcado em muitas naves.

Algumas ilusórias no impacto
de um conhecimento inesperado
na hora em que me fiz teu namorado
e fiz daquele instante nosso pacto.

Mas a realidade é que vivemos
e com uma família nós crescemos
assim consolidamos os afins.

Esses afins são nossos filhos, netos,
quem sabe, meu amor? até bisnetos
amores verdadeiros sem confins.


(01/junho/2007)

MINHA MUSA

(Carlos Celso-CARCEL)


Minha memória só me mostra ela
minha visão já ficou até confusa
pra onde olho vejo uma aquarela
com coisas belas, entre elas minha musa.

Musa menina feita já mulher
linda, esbelta, cheia de candura
um monumento vivo que se quer
nada se iguala à sua formosura.

Fêmea que a vida já lhe fez formosa
tens o perfume e o veludo de uma rosa
és realeza da natura em mercê.

Te descrever tão bela não consigo
mas nos meus pobres versos o que digo
oh! minha musa, tudo é você.


(21/julho/2007)

MÃE, UMA SANTA

(Carlos Celso-CARCEL)


Eis que o crepúsculo caía lento,
brando soprava um suave vento,
mas... alí naquela casa alguém gemia.

Não era dia, o sol já se punha,
um corpo arranhado pela unha,
em dores, desprendia sua madre.

E a comadre, como assim chamavam,
alí de perto, às pressas buscavam
resolutiva para aquela hora.

Jovem senhora contorcida em dor
dividia sofrimento com amor
quando do ventre ansiava o parto.

Naquele quarto onde acontecia,
já uma jovem mãe alí sorria
trocando as dores por suavidade.

Felicidade ocupava os cantos
daquela casa onde ouvimos prantos
não por lamento mas por dor sentida.

É uma vida que outra vida gera
e com sentimento persevera
na existência desse novo ser.

Que vai crescer amado com ternura
observado na sua candura
pela mãe que o concebeu e deu à luz.

Assim traduz um poeta que vibra:
ser mãe é desdobrar fibra por fibra
o coração, e eu o que direi?

Só sei que escutando tanto
qualquer assunto sobre mãe é santo
e nada mais que isto sei dizer.

Pois ao fazer a sua semelhança,
Deus tudo sabe, teve a lembrança
maravilhosa e fez a mulher.

Não é qualquer, a fez pra procriar,
para ser mãe, só não lhe deu altar.
mas... também sei, a fez para ser santa.


(06/maio/2004)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

MEU NETO

(Carlos Celso-CARCEL)


Um ser ainda menino
do pequeno peito expande
um amor que é tão grande
no coração pequenino.

Pais, avós, irmãs, parente,
imagino, como cabem?
do seu peitinho se abrem
as portas para essa gente.

É carinhoso, é amigo,
longe ou perto está comigo,
agora em meu soneto.

Ele ama com doçura,
com angelical candura,
meu pequeno grande neto.

MONARQUIA DO MEU FILHO

(Carlos Celso-CARCEL)


Presumo seres dádiva de Deus
à mim pela imensa importância
que tens na minha vida nessa infância
feliz, que felicita os dias meus.

Teu nome dei do velho pai que tive
honrado pelo amor que recebí
daquele com quem antes conviví
pra hoje ver em quem comigo vive.

Traduzo um passado no presente
de forma cada vez mais transparente,
ressurjo um amor que já é ido.

O amor sincero e forte que fui dono
renasce no meu peito como um trono,
proclamo a monarquia do meu filho.

MAIOR IDADE

(Carlos Celso-CARCEL)


Na minha mente comum
flora esta viva lembrança
de quando eras criança,
hoje fazes vinte e um.

Lembro-te com vaidade
quando ainda adolescente;
hoje te vejo, contente,
completar maior-idade.

És meu menino de outrora,
meu rapaz de quase agora,
um homem que se proclama.

Que na vida os dias teus
sejam regidos por Deus,
almeja o pai que te ama.


(16/agosto/1998)

MAGOADA

(Carlos Celso-CARCEL)


É triste, ver-te assim magoada
comigo, sem saber qual o motivo
falta-me ânimo, perco lenitivo,
fico perdido sem saber de nada.

O teu olhar risonho, hoje tenso
com o meu olhar fez que quase parasse,
pelos vazios do lugar vagasse
prisioneiro de um sofrer propenso.

Quando te vejo a sorrir, feliz,
felicidade tua minha fiz,
só não assumo a tua beleza.

E nessa mágoa sem ter a razão
permito ao meu pobre coração
compartilhar de uma vã tristeza.

JÁ É MANHÃ

(Carlos Celso-CARCEL)


Já é manhã! a natureza se levanta,
o sol já brilha, dá sinal de existência,
as aves numa feliz convivência
parecem conversar com cada planta.

Já é manhã! o festival dos bichos,
cânticos, tropés, suas linguagens
me despertaram e só tive imagens
tristes, que me trazem teus caprichos.

Já é manhã! para mim o nada
será mais uma vez a companhia,
vou ficar triste por mais este dia
longe de tí, do teu carinho, oh! minha amada.

Já é manhã! mais tarde será noite,
o dia passará um pouco lento
para que faça o meu sofrimento
sentir dessa tristeza cada açoite.

Já é manhã! e no meu penar
só uma coisa realmente importa,
é que um dia você bata à nossa porta
que vou abrí-la, pra você entrar.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

INDECISO

(Carlos Celso-CARCEL)


Quando imagino que você existe
e que sozinho estou neste lugar,
sem que eu queira, sinto marejar
o meu olhar sem rumo, muito triste.

O coração no peito pulsa forte,
porém, me sinto fraco e desfaleço;
talvez, eu penso, seja o começo
daquele fim que não desejo, a morte.

Quando retomo o controle lento,
eis que domina-me aquele intento
de te buscar onde quer que esteja.

A solidão não me permite fuga,
os pensamentos minha mente aluga,
fico a mercê do que meu ser almeja.

GALEGA

(Carlos Celso-CARCEL)


Galega, sei que não és da Galícia,
porém, cá por costume assim chamamos;
quantas vezes os olhares nós trocamos,
não sei a quantidade de malícia.

Me olhas evitando percebê-la,
te olho como fosse prontidão,
mas obedeço ao meu coração
porque não posso ir dormir sem vê-la.

Galega, o teu nome eu não sei,
porém em vários nomes já pensei,
são tantos lindos, escolher já chega.

Vou cultivar apenas meu amor
e te amar na hora em que for
e te chamar apenas de Galega.

GRATIDÃO

(Carlos Celso-CARCEL)


Sei que no mundo só não poderia
jamais um dia vir a ser alguém
se não é tú, mamãe, que com afeto
em um momento rude, inquieto,
me desse a luz, não seria ninguém.

De um amor que não posso julgar
harmonioso ou contraditório
entre papai e tú mamãe querida
foi-me outorgado o direito à vida
em um momento que se fez notório.

Da inocência nada recordamos,
mas, em palestra íntima ouvimos
os comentários das carícias ternas
e dos embalos pelas mãos maternas
e um prazer sincero então sentimos.

Passam-se dias e eu vou crescendo,
na adultivez floresce em minha mente
que às vezes tú, sem ira, exemplavas
que à escola com carinho mandavas
em minha época de adolescente.

Hoje, depois de tantos anos idos
e já adulto, homem como estou,
lembro-me sempre que sem tua ajuda
à minha vida, não teria muda,
devo a tí, enfim, tudo que sou.

FALSO MUNDO

(Carlos Celso-CARCEL)


A cada instante que passa
meu coração dilacera,
já não é mais o que era,
a vida nem faz devassa.

Não percebo o tempo lento
pelo qual passando estou,
eu sinto apenas que vou
mergulhando em sofrimento.

Meu lacrimejar interno
a provocar um inverno
com o qual meu ser inundo.

Faz com que por essas águas
eu navegue em minhas mágoas,
infeliz, num falso mundo.

DESPREZO

(Carlos Celso-CARCEL)


Pensei que me amares fosse fato
desde a hora que te conhecí,
hoje percebo nunca a possuí
teu abandono me fez ver no ato.

Outrora tanto eu quanto você,
qual animal que não possui um dono
em doloroso e triste abandono
vivíamos totalmente a mercê.

E te amei deveras com paixão,
te precisava, eu estava ao chão
e me ergueste, me levaste ao alto.

Hoje, depois de tantos empecilhos
somos casados, temos tantos filhos
e me desprezas neste sobressalto.

DESINTEGRAÇÃO

(Carlos Celso-CARCEL)


Mesmo sem sentir vontade
sinto os olhos marejar,
mas de que serve chorar
se esta é a realidade?

Casamos, ela e eu
um grande amor assumimos;
nossa prole construimos,
mas nosso amor feneceu.

A família foi dispersa,
nossa vontazde inversa,
cada um criou seu mundo.

Acabou obediência
na infeliz convivência
sinto desgosto profundo.

CLAMOR

(Carlos Celso-CARCEL)


Meu coração que de amor em chamas
ardeu outrora, hoje contradiz.
não posso mais dizer se sou feliz,
minhas comédias se tornaram em dramas.

O riso que estampara no meu rosto
pelas comédias que a vida faz
há muito já ficara para traz,
hoje estampa a marca do desgosto.

O sustentáculo vem se rompendo
pela razão que a ignorância esconde,
porque se perguntar ninguém responde
e além de tudo estou envelhecendo.

Mas a velhice, apesar de chata,
não é culpada da desdita minha,
talvez, quem sabe? aquilo que eu tinha,
que já não tenho e fez a vida ingrata.

Material tudo que tive tenho,
o que não tenho são os abstratos,
amor, carinho, que hoje são maltratos
seja a razão do torpor em que venho.

Se o amor é belo, a vida é sublime.
que mal eu fiz pra ser penalizado?
outrora amei e muito fui amado,
hoje padeço e meu ser não redime.

COM VOCÊ

(Carlos Celso-CARCEL)


Vou deitar com você, no pensamento;
não sei como será a minha noite,
neste instante lá fora sopra o vento
sacudindo a folhagem num açoite.

Aqui dentro de casa a cama fria,
as paredes, a minha solidão
submergem meu ser na nostalgia
e alimentam a minha obsessão.

Quero vê-la nem mesmo seja em sonho,
abraçá-la e tê-la junto a mim
nas carícias sutís como suponho.

Os lençóis em completo desalinho
nesta cama deitarei mesmo assim
com você, no pensar, mesmo sozinho.


(07/julho/2007)

BOA CRIANÇA

(Carlos Celso-CARCEL)


Que é preciso fazer
para ser boa criança,
viver cheia de esperança
e poder feliz crescer?

Obedecer ao papai
e à mamãe, com respeito,
ser alegre e satisfeito,
sempre dizer onde vai.

Nunca mentir a ninguém,
assumir o que fizer
e a todos querer bem.

Pois, assim boa serás
e se esperança tiver
por certo a conquistarás.

A GENTE

(Carlos Celso-CARCEL)


Quanta vergonha que sinto
do meu povo hoje em dia
a moral que existia
se foi embora, pressinto,
podes crer moço, não minto,
hoje é grande a safadeza
decência, fé e proeza
hoje fogem do instinto.

Como se diz na ciência
toda regra há excessão
ainda há cidadão
em regular evidência
porém minha paciência
já não suporta contrastes
é grande a onda de trastes
cada com pior tendência.

Há ladrões, há pederastas
estupradores, tarados
todo tipo de safados
a ocupar várias castas
todas elas muito vastas
desmoralizando o mundo
pra uns orgulho profundo
pra outros clamor de bastas.

Alguns poucos que pretendem
viver a vida decente
parecem ser de outra gente
não respeitam, não entendem
e eles só se defendem
vítimas do dedo duro
de um caráter obscuro
que infelizmente dependem.

Assim é que é minha gente
hoje em dia meu senhor
clamar a quem? por favor,
pra que seja mais decente,
isso não deixa contente
a nenhum bom cidadão
vivendo em corrupção
obrigado, infelizmente.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

À MÃE MORTA

(Carlos Celso-CARCEL)


Nascí
viví
crescí
aqui estou.

Quanto decênios marcam a minha vida?
os mesmo que marcam a tua ida,
os mesmos que dois corpos separou.

Tuas entranhas me guardaram meses
sem que me visses, sei, feliz por vezes
podesses ser no tempo que restou.

Quando retinhas no ventre nascituro
teu primogênito, sei, grande futuro
para tí, para ele construías.

Tanta beleza, tanta pompa e glória
a inspirar-te fértil a memória
sem que soubesses que alí te ias.

Nascí
viví
crescí
aqui estou.

Nascí sem ver-te, não te conhecí,
porém, por todo tempo te sentí
como que estejamos lado a lado.

Viví dolente a sentir a chama
do peito que febril chora, reclama
a mãe do pobre filho apaixonado.

Crescí contigo na memória ativa
sei que não vives, porém sempre viva
tu estarás no meu viver diário.

Aqui estou, mamãe, com os amores
que não te dei, mas te ofereço em flores
sobre o teu monumento funerário.

À QUEM JAZ

(Carlos Celso-CARCEL)


Enaltecer alguém que jaz no túmulo
é como que abrir o coração,
desvencilhar um sentimento acúmulo,
amenizar a dor da solidão.

Que jaz não vê, não ouve, nada sabe,
porém, quem enaltece alivia
a dor de uma saudade que nem cabe
no peito triste, já sem alegria.

O ser de forma diferenciada
referendando a pessoa amada
fica romântico, supera a dor.

O romantismo não é só paixão,
são atitudes que o coração
viabiliza para dar amor.

AMOR DE INTERNET

(Carlos Celso-CARCEL)


A internet me levou a tí
na hora em que digitava
erguí os olhos e na tela lí
aquilo que você me perguntava.

Podemos conversar, eu e você?
não eram as palavras, eu criei.
eu respondí: podemos, não porque?
e esse bate-papo iniciei.

Pensei fosse apenas brincadeira,
hoje distante de tí vivo a pensar
em tí, sem dormir a noite inteira.

Como se pode quando não conhece
uma pessoa, à distância, se amar?
a internet une e acontece.


(12/junho/2007)

ÀS VEZES

(Carlos Celso-CARCEL)


Às vezes tenho raiva de mim mesmo,
não sei guardar no peito um sentimento,
deixo transparecer o sofrimento
que me transforma, então, num ser a esmo.

Às vezes penso até em me punir
por ser assim comigo incoerente;
às vezes penso que podia a gente
ser o que fosse mas sem se ferir.

Às vezes sinto que a dor ajuda
e que também às vezes até muda
as consequências vindas de reveses.

Às vezes sinto o coração em chama,
chora minh'alma, o ego reclama,
eu sinto forte que te amo, às vezes.

A MAIS BONITA

(Carlos Celso-CARCEL)


No perfume que das flores exala
um contexto eu faço da beleza
que emana de tí com sutileza
sem poder descrever com minha fala.

Cada pétala faz querer dizer
no macío veludo que possui
o teor dessa candura que frui
nessa flor, que é flor mas que é ser;

Neste grito que gostaria dar
sinto a voz embargada se calar
mas o peito no seu silêncio grita.

Que entre todas as flores que houver
como ser, como flor, como mulher
tu serás sempre, sempre a mais bonita.

ANTES QUE EU MORRA

(Carlos Celso-CARCEL)


Antes que eu morra eu queria ter
certeza que não zombas do que digo,
certeza que não fui teu inimigo,
certeza que não fiz você sofrer.

Antes que eu morra eu queria ouvir
dizeres que a tí disse a verdade,
dizeres que a tí dei amizade,
dizeres que a tí eu fiz sorrir.

Antes que eu morra eu queria ao lado
você, mesmo fazendo-me culpado
por tudo que na vida nós passamos.

Antes que eu morra eu queria enfim
saber que você confiou em mim
e que na vida muito nos amamos.

domingo, 6 de setembro de 2009

A FLOR E O COLIBRÍ

(Carlos Celso-CARCEL)


O viço rubro das pétalas convidava
o solitário em fluorescente colibrí
que em pleno vôo estacionara alí
embriagado no fascínio que avistava.

Daquela flor que emanava essência,
fora, encantado, se chegando aos poucos
e os dois, a flor e ele, como loucos
beijaram-se ardentes de carência.

A pobre flor tão bela e solitária
entre a folhagem verde a sós brotara
e alí ficara a pedir amor.

Mas não tardara, com sua cauda leque,
pairando em pleno vôo, qual moleque,
o colibrí para amar a flor.

FADA, PRINCESA E RAINHA

(Carlos Celso-CARCEL)


Certo dia uma fada
como me diz a lembrança
fez nascer uma criança
pra ser feliz e amada.

Esta fada com a beleza
que a natureza lhe deu
quando a criança nasceu
se transformou em princesa.

Por tantos dotes que tinha
hoje ela é rainha
e a criança já crescida.

Me aqueceu com seu calor
me faz feliz com amor
é a minha mãe querida.


(18/abril/2008)

CALOR

(Carlos Celso-CARCEL)


Ela olhou-me, riu e disse assim
sinto um desejo enorme de chupar
sentir da minha boca esparramar
o néctar desse bom sabor em mim.

Busquei palavras pzara responder
e respondí: se acalme, se controle,
espere um pouco, ainda está mole
mas não demora pra endurecer.

Era um tempo de estio, quente,
desses que o calor maltrata a gente,
que andar descalço você queima os pés.

Abrí então a geladeira e ví,
quando peguei no pau logo sentí
que estavam duros todos picolés.


(20/maio/2008)

FLAGRA

(Carlos Celso-CARCEL)


De repente fiquei torpo
quando a gente namorava
pois ao sentir que entrava
ela tremeu no meu corpo.

Me apertando tenaz
quase quebrou o meu osso
dizendo que ele era grosso
e tava entrando por traz.

Se entrasse pela frente
talvez fosse diferente
dá pra ver o entra e sai.

Mas nem eu nem ela viu
quando na cozinha abriu
a porta que entrou seu pai.


(22/janeiro/2008)

GAIVOTA MULHER

(Carlos Celso-CARCEL)


Ergo o olhar, eis algo bonito
dentre as núvens rasante um lúmen brota
flutuando sutil uma gaivota
embeleza do alto o infinito.

Elegante no seu vôo ufano
a gaivota parece desfilar
de repente imagino-a vaguear
sobre as ondas azuis do oceano.

A beleza que vejo indescritível
no meu ego me deixa presumível
que a gaivota que vejo ela quer.

Me dizer de uma forma nascitura
emanando de sí essa candura
que a gaivota que vejo é mulher.


(06/maio/2008)

VOCÊ E EU

(Carlos Celso-CARCEL)


Você constrói monumentos
lares, casa, arranha-céu
eu me oculto num véu
a fugir de alguns momentos.

Você emana a beleza
que traduz sua candura
enquanto em minha postura
só contemplo a natureza.

És uma estrela que brilha
a refletir maravilha
no meu céu imaginário.

Eu sou um rio que deságua
felicidade e mágoa
num enorme estuário.


(Obs: a engenheira e o poeta) - 26/maio/2008

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

ANTES E AGORA

(Carlos Celso-CARCEL)


Quando fui moço pensei
numa velhice feliz
porém hoje contradiz
a minha vida e não sei
em que foi que eu errei
para envelhecer assim
de maneira tão ruim
que jamais imaginei.

Na minha mente transita
do meu passado a lembrança
lembro quando era criança
aquela fase bonita
felicidade inaudita
com muito amor e respeito
era um outro conceito
que hoje se quer imita.

Crescí, logo fui rapaz
adolescente, adulto
do passado só o vulto
é o que a memória me traz
já não me sinto capaz
de formar imagens belas
parecidas com aquelas
de alguns anos atraz.

Tudo vem se transformando
o modernismo assumindo
os seres se confundindo
famílias se dispersando
pouco estão se respeitando
nem mesmo filhos e pais
todos conceitos morais
há muito se dissipando.

Falo da felicidade
como se estivesse ausente
porque acho deprimente
meu passado de saudade
hoje só se ver maldade
os bons princípios fenecem
nem sei se muitos merecem
se chamar de humanidade.


(2009)

domingo, 30 de agosto de 2009

CONTIGO NO PENSAMENTO

(Carlos Celso-CARCEL)


Sobre o teto do meu quarto
gota por gota caía
da chuva que entre sonhos
do leito interno eu ouvia.

Sonhava mesmo acordado
com os olhos entreabertos
fitava o teto do quarto
via teu vulto de perto.

Mas a chuva persistente
a barulhar no telhado
nada me tirou da mente.

Não dormí um só momento
passei a noite em claro
contigo no pensamento.

O CRIME DA FELINA

(Carlos Celso-CARCEL)


Era um casal de periquito australiano
Ele azul claro, ela verde escuro
previa-se filhotes no futuro
porém triste tragédia trouxe o dano.

Uma felina siamês a raça
branca, astuta que na casa havia
tanto intentara que causou um dia
numa investida traiçoeira a desgraça.

Com crueldade a fêmea matou
somente o macho triste alí ficou
no seu viveiro sem acompanhante.

O azul claro empalideceu
tudo mudou depois que ela morreu
sei que ele vai lembrar a vida inteira.


(Simples historinha de um casal de pássaros que meu filho Alvinho criava e que uma gata, da nossa própria casa, um dia matou a fêmea; ficando o Alvinho triste e choroso, nasceram estes versos para seu consolo e sua lembrança.) 23/agosto/2009

AVEXADO PRA VORTÁ

Eta, terrinha querida
que me alembro toda hora
se o caba for frouxo chora
pelo restante da vida.

Um nordestino arretado
cuma eu que ama a terra
quando tá longe se emperra
pra vortá, fica avexado.

Se sai da terra é pro mode
resolvê o que num pode
sem dinheiro onde tá.

Eu saí, vim pro trabaio
fiz da vida um atrapaio
só penso mermo em vortá.


(03/agosto/2009)

SAUDADES E ESPERANÇA

(Carlos Celso-CARCEL)


Ainda sinto saudades
quando me lembro das trelas
tão infantís como aquelas
no meu tempo de menino
já não mais tão pequenino
grandinho, pequeno rapaz
uma criança sagaz
tempo sem tantas maldades.

Hoje sexagenário
vida quase secular
triste fico a meditar
naquele tempo passado
no coração preservado
que já bate lentamente
tenho um mundo que o presente
julga até imaginário.

Já havia peripécias
sempre houve, mas amena,
com consequência pequena
fácil de se resolver
também havia o sofrer
com o seu gráu suportável
hoje o mais lamentável
são as consciências néscias.

O respeito se dissolve
desarmonia no lar
dispersão familiar
aquilo que era sagrado
parece desconjurado
mas o mundo é o mesmo
o ser é que vive a esmo
e nessa entranha se envolve.

Vou conservar meus preceitos
meus arbítrios discernir
esperar pelo devir
vivendo as minhas lembranças
cultivando as esperanças
de morrer sem empecilhos
de ver meus netos e filhos
a preservar bons conceitos.


(19/dezembro/2008)

PRÓXIMAS NOITES

(Carlos Celso-CARCEL)


Mais uma noite infeliz passei,
vaguei ainda cedo pelas ruas
desesperado por notícias tuas
ou mesmo encontrá-la, não te achei.

Meu coração gritante reclamava,
até doía por desejar vê-la;
oh! como é triste meu viver sem tê-la;
meu pensamento só por tí chamava.

Voltei pra casa e na cama fria
joguei meu corpo numa agonia
incontrolável a sentir açoites.

Chicoteado pela madrugada,
amanheceu e eu não dormí nada;
como serão minhas próximas noites?


(04/junho/2004)

MINHA LAMÚRIA

(Carlos Celso-CARCEL)


Eu, apenas eu, só eu
na mente um turbilhão de lembranças
vendo a escassez das esperanças
o descumprir das leis do galileu.

Eu, apenas eu, quem sou?
ninguém! diante da disparidade
vendo a casta, a plebe, a humanidade
a mendigar um pão que não restou.

Eu, inerte, apenas vejo
e triste os meus olhos lacrimejo
pela penúria de um povo que almeja.

Eu, sei que há mesas onde não há pão
enquanto em outras mesas com faizão
falta amor e tudo mais sobeja.


(23/dezembro/2007)

UM VELHO

(Carlos Celso-CARCEL)


Hoje me dói a cabeça
a visão já não é tanta
cada vez mais a voz rouca
me faz com que eu padeça
viver é bom e encanta
porém já envelhecido
me sinto quase vencido
com vitalidade pouca.

Cabelos embranquecidos
rugas mudando o semblante
audição deficiente
todos os membros vencidos
metamorfose humilhante
me faz a cada momento
ir tragando o sofrimento
da velhice deprimente.

Ando, vejo, ouço, falo
nenhum sentido perdí
porém cada um ameno
não há jeito de mudá-lo
agora que percebí
como a velhice é cruel
nos transforma em menestrel
depois nos faz tão pequeno.

Hoje apenas um volume
me sinto ocupando espaço
do passado só lembrança
mudei até de costume
aceitei sem embaraço
que a morte cruel e fria
me acompanhe noite e dia
segurando no meu braço.

Quando velho só a morte
é o almejo da gente
às vezes até cortês
com a gente, é nossa sorte
mesmo assim bem consciente
peço apenas pra lembrar
quando meu dia chegar
que viví entre vocês.

VERSOS ADVERSOS

(Carlos Celso-CARCEL)


Quisera fazer versos só de amor,
mas é difícil, as peripécias fazem
que sentimentos bonitos se atrasem
e até se misturem com a dor.

É agradável receber carinho
e não o é se receber reveses,
porém os dois na vida, tantas vezes,
nos faz feliz ou não no próprio ninho.

Por isto que um verso às vezes triste
nos quer dizer apenas que existe
vários momentos na vida de um ser.

Há circunstâncias que nos faz amar,
há outras que nos faz repudiar
e entre tantas meus versos vou fazer.

MAIS UMA NOITE

(Carlos Celso-CARCEL)


Quando me deito olho no vazio
em minha frente eu te vejo linda
na cama gélida eu sinto frio
a noite é longa, parece infinda.

As horas passam, já é madrugada
tudo é silêncio, eu estou sozinho
sem sono ouço apenas a pancada
do coração que bate bem baixinho.

Amanheceu, a passarada canta
fragilizado um corpo se levanta
e este pobre corpo é o meu.

Abro a porta vejo que é dia
mais uma noite e sem alegria
até pareço um corpo que morreu.


(16/julho/2007)

EU SONHEI CONTIGO

(Carlos Celso-CARCEL)


Eram dourados os cabelos dela,
olhos azuis, o nariz afilado,
a boca sensual, como aquela
jamais eu ví, o corpo esculturado.

Busto esbelto, a cintura fina,
quadrís moldado como feito à mão,
as pernas pareciam de menina,
bem redondinhas mas com perfeição.

Em todo o corpo a pele macía
sentí sem apalpar só no que via
alí onde a beleza fez abrigo.

Veio a tristeza quando despertei
sentei na cama e alí recordei
essa imagem, eu sonhei contigo.


(08/julho/2007)

SAUDADE DE SERTÂNIA

(Carlos Celso-CARCEL)


Minha memória pint'uma aquarela
onde reflete a singular beleza
que é retratada pela natureza
em tí, que entre tantas, és mais bela;
vejo no grande quadro essa janela
que mostra-te, SERTÂNIA, com destreza.

Nesse teu seio quente acolhedor
fui abrigado como um filho nato
e numa mútua transição, de fato,
eu te amei e tive o teu amor;
hoje, SERTÂNIA, sem o teu calor,
ausente, sinto-me um abstrato.

Fui andarilho, percorrí quadrantes,
em outros meios eu fui abraçado,
até feliz eu fui, mas... fascinado
por tí, SERTÂNIA, ví os meus instantes
se transformando em fases consoantes
a um amor eterno incontrolado.

Só quando durmo, se isto consigo,
é que a saudade de mim divorcia,
mas... se não durmo, passo noite e dia,
mesmo distante, a conviver contigo
buscando no silêncio um abrigo
que acalente minha nostalgia.

Não é apenas o simples cotejo
de um poeta amante e saudoso
desse teu ego que o fez ditoso
que possa transformar-te em vil lampejo,
é o que tens e transparente vejo
qual fosse um ícone misterioso.


(Sertânia é uma cidade do interior Pernambucano, há + ou - 300 km. do Recife, sua capital. Lá cheguei, viví por mais de duas décadas e hoje canto-a saudoso onde quer que eu esteja) 10/abril/2008

RECORDAÇÃO DA ROÇA

(Carlos Celso-CARCEL)


Eu acordava cedinho
a escutar a gralhada
musical da passarada
orquestra de passarinho.

O sol na casa adentrava
pelas frestas da parede
eu levantava da rede
pois o dia clareava.

Abria a porta e via
no terreiro a alegria
dos meus poucos animais.

Ah! como lembro da roça
da minha pequena choça
tempos que não voltam mais.


(09/fevereiro/2008)

EVASÃO

(Carlos Celso-CARCEL)


Alguns instantes só, que satisfazem,
me outorgou a vida em um dia;
um misto de rancor e alegria
era todo o conteúdo que dispunha.

Tal evidência que jamais supunha
acontecera em forma de miragem,
o surgimento terno da imagem
cândida, doce, simplesmente a tua.

Das coisas belas que se insinúa,
insinuei errado tu ficares,
porque, não sei, te fostes ou me fui.

Hoje meu peito é sólido que rui
na condição daquilo que concreto,
foi incompleto, tornou-se abstrato.

sábado, 29 de agosto de 2009

FLORES PRA VOCÊ

(Carlos Celso-CARCEL)


Olho as flores tão belas no jardim
que nada dizem, as flores não falam
porém no perfume que exalam
sinto dizer alguma coisa a mim.

As flores cujo aroma me embriaga
parecem entender o que eu sinto
a vida com sabor de absinto
amarga, sem beleza, triste e vaga.

Se as flores silenciam, não respondem
às emoções que num bouquet se escondem
que faço para o meu gesto se vê.

Pois cada flor que eu colhí beijei
com muito amor e com carinho juntei
fiz um bouquet de flores pra você.


(29/julho/2007)

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

O IRMÃO POBRE

(Carlos Celso-CARCEL)


Quem é esse homem
que me bate à porta?
senhor! não importa,
porque sinto fome.

Que tenho com isso
se nem te conheço?
senhor! eu padeço,
porque és omisso?

Não vês diferença
na minha presença
da tua então?

Não vejo; afinal,
porque sou igual
a tí, meu irmão.

AO ENGANADO

(Carlos Celso-CARCEL)


Nessa beleza abundante
onde enganado te aprazes
está o caminho errante
que fabrica satanases.

O mundo é vasto e bonito,
seu caminho amaciado
nele o seu mestre é perito
em te trazer enganado.

Vês a beleza aparente
numa falsa natureza
que aos teus olhos reluz.

Porque não olhas de frente
e enxerga com clareza
a bondade de Jesús?

NÃO TENHA MEDO

(Carlos Celso-CARCEL)


Se te perguntar
se me amas, por certo dirás
que tens medo porque tempo atrás
um casamento teu não deu certo.

Dirás, também...
que não vais alimentar amor
e sofrer novamente uma dor,
tú preferes só me querer bem.

Não tenha medo, amor...
de aceitar meu amor sincero
que me ames é o que mais quero
tú não deves me renunciar.

Não tenha medo, amor...
não descarte a felicidade
dê ao seu coração liberdade
de viver bem feliz e me amar.


(Estes versos foram feitos para uma melodia; como não sou músico e também não foi gravada esquecí-a. Tens liberdade para gravar, caso queiras, mas conservando a autoria).

EU TE QUERO TODINHA

(Carlos Celso-CARCEL)


Teus cabelos com a maciez da pluma
quero entrelaçar nos dedos meus
os teus olhos de perto quero em suma
contemplá-los feliz por serem teus.

Tuas faces de pele aveludada
com carinho quero acariciar
teu nariz dessa forma afilada
levemente também quero tocar.

Tua boca tão bela, sensual
num suave impacto carnal
quero tê-la a sufocar a minha.

Esse escultural corpo que é teu
eu o quero bem coladinho ao meu
finalmente eu te quero todinha.


(19/julho/2007)

MANÉ CILORÃO

(Carlos Celso-CARCEL)


Ninguém mais fala no nome
inté nem no apelido
tá todo mundo esquecido
mas eu me alembro do ome.

Se fosse rico ou famoso
todo mundo se alembrava
inté omenageava
se amostrando orgulhoso.

Era um eletricista
pra eu até um artista
nessa sua profissão.

Pobe, sem fama, sem nada
esse humirde camarada
era Mané Cilorão.


(Modesta homenagem à figura folclórica em Sertânia-PE. do eletricista Manoel)

03/agosto/2009

TRANSFORMAÇÃO

(Carlos Celso-CARCEL)

Já não ouço respingar
no meu quarto sobre o teto
a chuva que com afeto
um dia pude escutar.

Hoje sento no meu leito
muitas vezes pela noite
e sinto forte o açoite
bater dentro do meu peito.

Aquela imagem de outrora
que ornava minha mente
sem despedir foi embora.

Sonho de tanta beleza
se transformou de repente
em dor, angústia e tristeza.


(30/junho/2009)