sexta-feira, 25 de setembro de 2009

MINHA RECIFE

(Carlos Celso-CARCEL)


Recife bela cidade
és o berço em que nascí
doce lar em que viví
quando em minha mocidade
hoje já com mais idade
já não sendo mais criança
reflete em minha lembrança
coisas que não esquecí.

Em tí a natura exibe
te cruzando pelo meio
ornamentando teu seio
esse "Rio Capibaribe"
que em tí nada inibe
nem modifica teu cântico
vai desaguar no atlântico
um desfilar devaneio.

Esse azul a circundar
embelezando as raias
que em tí formam as praias
um ofertório do mar
que até nos faz navegar
mesmo estando distante
pelo quadro apaixonante
que se pode imaginar.

Teus prédios e monumentos
mostram perfil soberano
e faz o teu povo ufano
com os demais ornamentos
além dos tantos momentos
quando ondas espumantes
te trazem beijos constantes
mandados do oceano.

Teus bairros, teus ancestrais
as artes e o artesão
o lindo frevo canção
que animou teus carnavais
teu aeroporto, o cais
tua estação de trem
desativada porém
viva nessa explanação.

Tudo que tivestes vejo
através da minha mente
mesmo com o ego dolente
embargo a voz neste ensejo
para te dizer que almejo
nada em tí se desative
viva tudo que hoje vive
para orgulho da gente.

Maracatú e ciranda
bumba-meu-boi, caboclinho
pífanos e cavaquinho
e os tocadores da banda
tudo isso da varanda
tua gente ver passando
alegremente tocando
sorridentes com carinho.

"Minha Recife" é tão grande
teu folclore pra falar
e não precisa exaltar
pois por sí ele se expande
por onde quer que se ande
só se ouve bem de tí
enquanto eu por aqui
me orgulho em te amar.


(20/janeiro/2008)

LACUNA

(Carlos Celso-CARCEL)


Todo dia acordo no meu leito
escutando o relógio despertar
já é hora então de levantar
para usufruir do meu direito
pegar ônibus, trem ou caminhão
não importa qual seja a condução
importante é que eu vou trabalhar.

Deixo em casa feliz minha família
a cuidar da casinha e dos teréns
são pouquinhos demais os nossos bens
mas de que serviria a mobília
se emprego e salário eu não tivesse
e manter minha gente eu não podesse
a mercê nesse mundo de desdéns.

Muito há por aí desempregado
a vagar procurando um emprego
tantos "não que recebe" seu sossego
é tirado e lhe deixa humilhado
sai bem cedo até sem alimento
a família, coitada, sem sustento
sem comer, sem beber, sem aconchego.

O coitazdo deixa a família em casa
muito aquém dessa tal felicidade
convivendo com a má realidade
infortúnio que o desemprego embasa
quando alguns vive em plena mordomia
personagens da grande anarquia
que não têm à lei fidelidade.

É bem clara em seus termos a "lei madre"
ao fazer referência ao direito
e no que se legisla pra ser feito
não é camaradagem de compadre
entre outros, trabalho e moradia
pra ter teto e comida todo dia
isto é outorgado ao sujeito.

O sujeito que falo é o cidadão
ser humano igual a qualquer um
que a ele devia ser comum
o tratamento da "constituição"
mas os tais que à "lei" não têm respeito
fazem tudo que querem a seu jeito
sem pensar no "legal" momento algum.

Nossa lei só existe no papel
infeliz de quem pretender cumprí-la
essa pobre pessoa vão puní-la
pois é como existir papai noel
esses caras-de-pau de que falei
entre eles estão quem faz a lei
e também se encarregam de omití-la.

Lametável é a realidade
que só cego não vê e acredita
seduzidos por palavra bonita
na mentira que usam por verdade
personagens cabais da hipocrisia
isto é o que são na "dinastia"
de vilão, mercenário, parasita.

O QUE ÉS

(Carlos Celso-CARCEL)


Do teu semblante emana a sutileza
tão feminina, tão naturalmente,
a expandir em todo o ser somente
simplicidade em forma de beleza.

O teu olhar luzente e penetrante
em outros olhos por quais for fitado
deixa-os ilesos, deixa obcecado
na limpidez e brilho cintilante.

A tua voz é terna, melodiosa,
tua estrutura toda é formosa,
tú és mais uma entre as tantas aquarelas.

Cândida, meiga, doce, quase pura
é o que és por dote da natura
entre as tantas outras coisas belas.

O GAROTO E A ROSA

(Carlos Celso-CARCEL)


Encontrei uma rosinha
tão bonita! no jardim...
achando-a tão bonitinha
eu a guardei para mim.

Meus papais quando chegaram,
num repentino momento
me pegaram, me surraram
e a jogaram ao relento.

E depois mesmo chorando
eu a saí procurando
até que a encontrei.

E para o resto da vida
minha rosinha querida
tão cuidadoso guardei.

O TELEGRAMA

(Carlos Celso-CARCEL)


Mamãe! confesso que fiquei aflito
ao receber aquele telegrama,
em cujo tema, triste, esquisito,
me confessava tú prostrada à cama.

Porque será meu Deus? clamei ao céu,
que sobre quem por mim tanto sofreu
não fazer ser teu manto o seu véu
da proteção que sempre mereceu?

Noites insones, dias de jejum
fôra seu prêmio para me criar
e nada pude, em momento algum,
por recompensa lhe presentear.

Hoje que vejo-a em agonia,
te ofereço, Deus, a minha vida;
toma-me tudo, a vida, a alegria,
mas deixa em paz a minha mãe querida.

Se é pagamento por algum pecado
que a quisestes ao leito prostrada,
cobra-me tudo, Deus, sou desgraçado,
sem minha mãe a vida não é nada.

Assim, mamãe! eu blasfemei em brado
contra o supremo Deus que nos estima;
pede por mim: perdoe o meu pecado
e para mim o mal que te lastima.

O ABORTO

(Carlos Celso-CARCEL)


Segurei tuas mãos trêmulas, frias,
te puxei contra o corpo com carinho,
escutei murmurares bem baixinho,
porém, não entendí o que dizias.

Tua voz vagarosa se calou,
o teu corpo tombou, desfaleceu.
no instante pensei: ela morreu...
mas o meu pensamento me enganou.

Não morrias, porém, perdias vida
que no teu ventre quente embebida
tú geravas em nome do amor.

Desse amor o seu fruto estava morto,
infortúnio causara esse aborto,
mas tú vives, supera o dissabor.

NA SOLIDÃO

(Carlos Celso-CARCEL)


A solidão é um mundo
de tristeza e desalento
onde só há sofrimento
saudade e pesar profundo.

Imerso na solidão
vivo eu sem ter guarida
sem alegria na vida
sentindo a dor da paixão.

Você porém não percebe
que tudo enfim que sucede
em razão do meu amor.

Me massacra, me transtorna,
a minha vida transforma
e me faz um sofredor.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

NÃO TEMAS

(Carlos Celso-CARCEL)


Olha pra cima, ver que o céu existe,
que sobre as nuvens há um Pai Supremo.
na carne, às vezes, eu me sinto triste,
porém, na alma, eu a nada temo.

Deus enviou ao mundo o seu filho
para pregar o amor em sua glória,
foi humilhado, morto, mas com brilho
venceu o mundo e nos deu vitória.

Porque, então, se sou vitorioso;
se sou um filho de Pai Glorioso
hei de temer no mundo a potestade?

Não, meu irmão, só glórias a Jesús
cante louvores a quem lá na cruz
por nós morreu, mas tem a magestade.

NOITE DE NATAL

(Carlos Celso-CARCEL)


Ao longe a capela
repica seu sino
na noite tão bela
ao Deus pequenino.

Nos lares e rua
é tudo alegria
o amor flutúa
na paz e harmonia.

Diante da cruz
a vela, a luz
sobre o castiçal.

Nos lábios a prece
do ser que enaltece
a noite de natal.

NATAL DE JESÚS

(Carlos Celso-CARCEL)


Repiquem sinos
estourem cirandas
musiquem bandas
gracejem meninos.

Orem sacerdotes
roguem beatos
ao fato dos fatos
dotado de dotes.

É festa, alegria
em mais este dia
repleto de luz.

Foi quando nascia
de Deus e Maria
o menino Jesús.

QUISERA

(Carlos Celso-CARCEL)


Aqui neste papel apenas lês
os versos que eu faço com amor,
porém, meu sentimento tú não vês,
nem sentes o sabor do dissabor.

Te amo de maneira alucinada
e tú se quer percebe o meu sofrer,
tú és na minha vida a grande amada
e eu na tua vida um simples ser.

Quisera pelo menos pela sorte
ser paciente, ser também um forte
pra esperar resposta ao meu reclamo.

Sei que não vês a dor que me impertina,
mas... quem me dera o teu ser atina
e ver o quanto sofro e te amo.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

MEUS PENSAMENTOS

(Carlos Celso-CARCEL)


Tristes pensamentos vêm à mente
uma casa sem ninguém, um clima frio
teto, paredes e a solidão somente
não podem preencher o meu vazio.

Nem mesmo o rádio mais estou ligando
nada me importa nesta vida a sós
este silêncio vai por mim passando
deixando a escuridão que vem após.

Então, tento dormir mas não consigo
meu pensamento sempre está contigo
sozinho quem está é o meu ser.

E o pensamento sendo abstrato
está contigo, mas me faz de fato
sem tí, sentir vontade de morrer.


(26/junho/2007)

ME ESQUEÇA, POR FAVOR

(Carlos Celso-CARCEL)


Porque será que alguém está tentando
a tanto tempo destruir nossa vivência?
será que não lhe dói a consciência
e não vê que somos dois que estão se amando?

Essa atitude é de ódio puro,
essa pessoa não parece humana,
ela se trái e a sí própria engana,
não tem passado, presente, nem futuro.

Porque quem vive lembra o que passara,
vive o momento, pensa no advir
e a vida facilmente lhe sorrir.

É o contrário de quem já tentara
e tenta, ainda, acabar com o amor;
cuide de sí, me esqueça, por favor.

MINHAS COISAS

(Carlos Celso-CARCEL)


Cada figura que primo
satisfaz os olhos meus,
não te obrigo ou oprimo
a satisfazer os teus.

Deixem que as coisas existam,
por mais simples que pareçam,
não desarrumem, não gastem-as
desde que não te aborreçam.

Porém se te funde a cuca
e te traz contrariedades,
não alimente capricho.

Considere até maluca,
ignore as qualidades
e atire-as no lixo.

MEU LUGÁ

(Carlos Celso-CARCEL)


A paciênci'sgotou
cansei de num fazê nada
resolví dá uma andada
mas a famía ficou.

Era tempo de estío
dexei meu nordeste quente
vim pra SumPalo somente
padecê e sentí frio.

A sodade da famía
além do frio noite e dia
me deu desgosto profundo.

Então peguei minha mala
vortei veloz feito bala
pro mió lugá do mundo.

MEU PAI, QUE NUNCA TIVE

(Carlos Celso-CARCEL)


Trabalhei cedo, logo aos doze anos;
não por querer, mas por necessidade.
não é comum um jovem nessa idade
ser na família a razão dos planos.

Meu pai morrera, ignoro a causa
que à família sua, também minha
tenha deixado herança mesquinha
do desamparo e sofrer sem pausa.

Hoje, depois de tantos anos idos,
os que pequenos eram, são crescidos
e a família toda sobrevive.

Se não a Deus, a quem agradecer?
pela felicidade de viver
e ser meu mesmo o pai que nunca tive.

sábado, 12 de setembro de 2009

ME AME, AMOR!

(Carlos Celso-CARCEL)


Não tenha medo, amor! de me amar
o amor que a tí devoto é sincero
que tú me ames é o que mais quero
do meu amor não deves receiar.

Saiba, amor! que o amor que punge
um coração que ama à distância
é o mesmo amor que em sua substância
um sentimento bom na gente unge.

O meu amor, amor! é espontâneo
não é um sentimento instantâneo
que dá prazer e logo desvanece.

Então, amor! porque amar com medo
no coração não se guarda segredo
ame deveras a quem te carece.


(24/julho/2007)

MINHA NAMORADA

(Carlos Celso-CARCEL)


Eu sou teu namorado, tu não sabes?
vertemos nosso amor quando nos vimos,
talvez por tudo aquilo que sentimos
tenhamos embarcado em muitas naves.

Algumas ilusórias no impacto
de um conhecimento inesperado
na hora em que me fiz teu namorado
e fiz daquele instante nosso pacto.

Mas a realidade é que vivemos
e com uma família nós crescemos
assim consolidamos os afins.

Esses afins são nossos filhos, netos,
quem sabe, meu amor? até bisnetos
amores verdadeiros sem confins.


(01/junho/2007)

MINHA MUSA

(Carlos Celso-CARCEL)


Minha memória só me mostra ela
minha visão já ficou até confusa
pra onde olho vejo uma aquarela
com coisas belas, entre elas minha musa.

Musa menina feita já mulher
linda, esbelta, cheia de candura
um monumento vivo que se quer
nada se iguala à sua formosura.

Fêmea que a vida já lhe fez formosa
tens o perfume e o veludo de uma rosa
és realeza da natura em mercê.

Te descrever tão bela não consigo
mas nos meus pobres versos o que digo
oh! minha musa, tudo é você.


(21/julho/2007)

MÃE, UMA SANTA

(Carlos Celso-CARCEL)


Eis que o crepúsculo caía lento,
brando soprava um suave vento,
mas... alí naquela casa alguém gemia.

Não era dia, o sol já se punha,
um corpo arranhado pela unha,
em dores, desprendia sua madre.

E a comadre, como assim chamavam,
alí de perto, às pressas buscavam
resolutiva para aquela hora.

Jovem senhora contorcida em dor
dividia sofrimento com amor
quando do ventre ansiava o parto.

Naquele quarto onde acontecia,
já uma jovem mãe alí sorria
trocando as dores por suavidade.

Felicidade ocupava os cantos
daquela casa onde ouvimos prantos
não por lamento mas por dor sentida.

É uma vida que outra vida gera
e com sentimento persevera
na existência desse novo ser.

Que vai crescer amado com ternura
observado na sua candura
pela mãe que o concebeu e deu à luz.

Assim traduz um poeta que vibra:
ser mãe é desdobrar fibra por fibra
o coração, e eu o que direi?

Só sei que escutando tanto
qualquer assunto sobre mãe é santo
e nada mais que isto sei dizer.

Pois ao fazer a sua semelhança,
Deus tudo sabe, teve a lembrança
maravilhosa e fez a mulher.

Não é qualquer, a fez pra procriar,
para ser mãe, só não lhe deu altar.
mas... também sei, a fez para ser santa.


(06/maio/2004)

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

MEU NETO

(Carlos Celso-CARCEL)


Um ser ainda menino
do pequeno peito expande
um amor que é tão grande
no coração pequenino.

Pais, avós, irmãs, parente,
imagino, como cabem?
do seu peitinho se abrem
as portas para essa gente.

É carinhoso, é amigo,
longe ou perto está comigo,
agora em meu soneto.

Ele ama com doçura,
com angelical candura,
meu pequeno grande neto.

MONARQUIA DO MEU FILHO

(Carlos Celso-CARCEL)


Presumo seres dádiva de Deus
à mim pela imensa importância
que tens na minha vida nessa infância
feliz, que felicita os dias meus.

Teu nome dei do velho pai que tive
honrado pelo amor que recebí
daquele com quem antes conviví
pra hoje ver em quem comigo vive.

Traduzo um passado no presente
de forma cada vez mais transparente,
ressurjo um amor que já é ido.

O amor sincero e forte que fui dono
renasce no meu peito como um trono,
proclamo a monarquia do meu filho.

MAIOR IDADE

(Carlos Celso-CARCEL)


Na minha mente comum
flora esta viva lembrança
de quando eras criança,
hoje fazes vinte e um.

Lembro-te com vaidade
quando ainda adolescente;
hoje te vejo, contente,
completar maior-idade.

És meu menino de outrora,
meu rapaz de quase agora,
um homem que se proclama.

Que na vida os dias teus
sejam regidos por Deus,
almeja o pai que te ama.


(16/agosto/1998)

MAGOADA

(Carlos Celso-CARCEL)


É triste, ver-te assim magoada
comigo, sem saber qual o motivo
falta-me ânimo, perco lenitivo,
fico perdido sem saber de nada.

O teu olhar risonho, hoje tenso
com o meu olhar fez que quase parasse,
pelos vazios do lugar vagasse
prisioneiro de um sofrer propenso.

Quando te vejo a sorrir, feliz,
felicidade tua minha fiz,
só não assumo a tua beleza.

E nessa mágoa sem ter a razão
permito ao meu pobre coração
compartilhar de uma vã tristeza.

JÁ É MANHÃ

(Carlos Celso-CARCEL)


Já é manhã! a natureza se levanta,
o sol já brilha, dá sinal de existência,
as aves numa feliz convivência
parecem conversar com cada planta.

Já é manhã! o festival dos bichos,
cânticos, tropés, suas linguagens
me despertaram e só tive imagens
tristes, que me trazem teus caprichos.

Já é manhã! para mim o nada
será mais uma vez a companhia,
vou ficar triste por mais este dia
longe de tí, do teu carinho, oh! minha amada.

Já é manhã! mais tarde será noite,
o dia passará um pouco lento
para que faça o meu sofrimento
sentir dessa tristeza cada açoite.

Já é manhã! e no meu penar
só uma coisa realmente importa,
é que um dia você bata à nossa porta
que vou abrí-la, pra você entrar.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

INDECISO

(Carlos Celso-CARCEL)


Quando imagino que você existe
e que sozinho estou neste lugar,
sem que eu queira, sinto marejar
o meu olhar sem rumo, muito triste.

O coração no peito pulsa forte,
porém, me sinto fraco e desfaleço;
talvez, eu penso, seja o começo
daquele fim que não desejo, a morte.

Quando retomo o controle lento,
eis que domina-me aquele intento
de te buscar onde quer que esteja.

A solidão não me permite fuga,
os pensamentos minha mente aluga,
fico a mercê do que meu ser almeja.

GALEGA

(Carlos Celso-CARCEL)


Galega, sei que não és da Galícia,
porém, cá por costume assim chamamos;
quantas vezes os olhares nós trocamos,
não sei a quantidade de malícia.

Me olhas evitando percebê-la,
te olho como fosse prontidão,
mas obedeço ao meu coração
porque não posso ir dormir sem vê-la.

Galega, o teu nome eu não sei,
porém em vários nomes já pensei,
são tantos lindos, escolher já chega.

Vou cultivar apenas meu amor
e te amar na hora em que for
e te chamar apenas de Galega.

GRATIDÃO

(Carlos Celso-CARCEL)


Sei que no mundo só não poderia
jamais um dia vir a ser alguém
se não é tú, mamãe, que com afeto
em um momento rude, inquieto,
me desse a luz, não seria ninguém.

De um amor que não posso julgar
harmonioso ou contraditório
entre papai e tú mamãe querida
foi-me outorgado o direito à vida
em um momento que se fez notório.

Da inocência nada recordamos,
mas, em palestra íntima ouvimos
os comentários das carícias ternas
e dos embalos pelas mãos maternas
e um prazer sincero então sentimos.

Passam-se dias e eu vou crescendo,
na adultivez floresce em minha mente
que às vezes tú, sem ira, exemplavas
que à escola com carinho mandavas
em minha época de adolescente.

Hoje, depois de tantos anos idos
e já adulto, homem como estou,
lembro-me sempre que sem tua ajuda
à minha vida, não teria muda,
devo a tí, enfim, tudo que sou.

FALSO MUNDO

(Carlos Celso-CARCEL)


A cada instante que passa
meu coração dilacera,
já não é mais o que era,
a vida nem faz devassa.

Não percebo o tempo lento
pelo qual passando estou,
eu sinto apenas que vou
mergulhando em sofrimento.

Meu lacrimejar interno
a provocar um inverno
com o qual meu ser inundo.

Faz com que por essas águas
eu navegue em minhas mágoas,
infeliz, num falso mundo.

DESPREZO

(Carlos Celso-CARCEL)


Pensei que me amares fosse fato
desde a hora que te conhecí,
hoje percebo nunca a possuí
teu abandono me fez ver no ato.

Outrora tanto eu quanto você,
qual animal que não possui um dono
em doloroso e triste abandono
vivíamos totalmente a mercê.

E te amei deveras com paixão,
te precisava, eu estava ao chão
e me ergueste, me levaste ao alto.

Hoje, depois de tantos empecilhos
somos casados, temos tantos filhos
e me desprezas neste sobressalto.

DESINTEGRAÇÃO

(Carlos Celso-CARCEL)


Mesmo sem sentir vontade
sinto os olhos marejar,
mas de que serve chorar
se esta é a realidade?

Casamos, ela e eu
um grande amor assumimos;
nossa prole construimos,
mas nosso amor feneceu.

A família foi dispersa,
nossa vontazde inversa,
cada um criou seu mundo.

Acabou obediência
na infeliz convivência
sinto desgosto profundo.

CLAMOR

(Carlos Celso-CARCEL)


Meu coração que de amor em chamas
ardeu outrora, hoje contradiz.
não posso mais dizer se sou feliz,
minhas comédias se tornaram em dramas.

O riso que estampara no meu rosto
pelas comédias que a vida faz
há muito já ficara para traz,
hoje estampa a marca do desgosto.

O sustentáculo vem se rompendo
pela razão que a ignorância esconde,
porque se perguntar ninguém responde
e além de tudo estou envelhecendo.

Mas a velhice, apesar de chata,
não é culpada da desdita minha,
talvez, quem sabe? aquilo que eu tinha,
que já não tenho e fez a vida ingrata.

Material tudo que tive tenho,
o que não tenho são os abstratos,
amor, carinho, que hoje são maltratos
seja a razão do torpor em que venho.

Se o amor é belo, a vida é sublime.
que mal eu fiz pra ser penalizado?
outrora amei e muito fui amado,
hoje padeço e meu ser não redime.

COM VOCÊ

(Carlos Celso-CARCEL)


Vou deitar com você, no pensamento;
não sei como será a minha noite,
neste instante lá fora sopra o vento
sacudindo a folhagem num açoite.

Aqui dentro de casa a cama fria,
as paredes, a minha solidão
submergem meu ser na nostalgia
e alimentam a minha obsessão.

Quero vê-la nem mesmo seja em sonho,
abraçá-la e tê-la junto a mim
nas carícias sutís como suponho.

Os lençóis em completo desalinho
nesta cama deitarei mesmo assim
com você, no pensar, mesmo sozinho.


(07/julho/2007)

BOA CRIANÇA

(Carlos Celso-CARCEL)


Que é preciso fazer
para ser boa criança,
viver cheia de esperança
e poder feliz crescer?

Obedecer ao papai
e à mamãe, com respeito,
ser alegre e satisfeito,
sempre dizer onde vai.

Nunca mentir a ninguém,
assumir o que fizer
e a todos querer bem.

Pois, assim boa serás
e se esperança tiver
por certo a conquistarás.

A GENTE

(Carlos Celso-CARCEL)


Quanta vergonha que sinto
do meu povo hoje em dia
a moral que existia
se foi embora, pressinto,
podes crer moço, não minto,
hoje é grande a safadeza
decência, fé e proeza
hoje fogem do instinto.

Como se diz na ciência
toda regra há excessão
ainda há cidadão
em regular evidência
porém minha paciência
já não suporta contrastes
é grande a onda de trastes
cada com pior tendência.

Há ladrões, há pederastas
estupradores, tarados
todo tipo de safados
a ocupar várias castas
todas elas muito vastas
desmoralizando o mundo
pra uns orgulho profundo
pra outros clamor de bastas.

Alguns poucos que pretendem
viver a vida decente
parecem ser de outra gente
não respeitam, não entendem
e eles só se defendem
vítimas do dedo duro
de um caráter obscuro
que infelizmente dependem.

Assim é que é minha gente
hoje em dia meu senhor
clamar a quem? por favor,
pra que seja mais decente,
isso não deixa contente
a nenhum bom cidadão
vivendo em corrupção
obrigado, infelizmente.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

À MÃE MORTA

(Carlos Celso-CARCEL)


Nascí
viví
crescí
aqui estou.

Quanto decênios marcam a minha vida?
os mesmo que marcam a tua ida,
os mesmos que dois corpos separou.

Tuas entranhas me guardaram meses
sem que me visses, sei, feliz por vezes
podesses ser no tempo que restou.

Quando retinhas no ventre nascituro
teu primogênito, sei, grande futuro
para tí, para ele construías.

Tanta beleza, tanta pompa e glória
a inspirar-te fértil a memória
sem que soubesses que alí te ias.

Nascí
viví
crescí
aqui estou.

Nascí sem ver-te, não te conhecí,
porém, por todo tempo te sentí
como que estejamos lado a lado.

Viví dolente a sentir a chama
do peito que febril chora, reclama
a mãe do pobre filho apaixonado.

Crescí contigo na memória ativa
sei que não vives, porém sempre viva
tu estarás no meu viver diário.

Aqui estou, mamãe, com os amores
que não te dei, mas te ofereço em flores
sobre o teu monumento funerário.

À QUEM JAZ

(Carlos Celso-CARCEL)


Enaltecer alguém que jaz no túmulo
é como que abrir o coração,
desvencilhar um sentimento acúmulo,
amenizar a dor da solidão.

Que jaz não vê, não ouve, nada sabe,
porém, quem enaltece alivia
a dor de uma saudade que nem cabe
no peito triste, já sem alegria.

O ser de forma diferenciada
referendando a pessoa amada
fica romântico, supera a dor.

O romantismo não é só paixão,
são atitudes que o coração
viabiliza para dar amor.

AMOR DE INTERNET

(Carlos Celso-CARCEL)


A internet me levou a tí
na hora em que digitava
erguí os olhos e na tela lí
aquilo que você me perguntava.

Podemos conversar, eu e você?
não eram as palavras, eu criei.
eu respondí: podemos, não porque?
e esse bate-papo iniciei.

Pensei fosse apenas brincadeira,
hoje distante de tí vivo a pensar
em tí, sem dormir a noite inteira.

Como se pode quando não conhece
uma pessoa, à distância, se amar?
a internet une e acontece.


(12/junho/2007)

ÀS VEZES

(Carlos Celso-CARCEL)


Às vezes tenho raiva de mim mesmo,
não sei guardar no peito um sentimento,
deixo transparecer o sofrimento
que me transforma, então, num ser a esmo.

Às vezes penso até em me punir
por ser assim comigo incoerente;
às vezes penso que podia a gente
ser o que fosse mas sem se ferir.

Às vezes sinto que a dor ajuda
e que também às vezes até muda
as consequências vindas de reveses.

Às vezes sinto o coração em chama,
chora minh'alma, o ego reclama,
eu sinto forte que te amo, às vezes.

A MAIS BONITA

(Carlos Celso-CARCEL)


No perfume que das flores exala
um contexto eu faço da beleza
que emana de tí com sutileza
sem poder descrever com minha fala.

Cada pétala faz querer dizer
no macío veludo que possui
o teor dessa candura que frui
nessa flor, que é flor mas que é ser;

Neste grito que gostaria dar
sinto a voz embargada se calar
mas o peito no seu silêncio grita.

Que entre todas as flores que houver
como ser, como flor, como mulher
tu serás sempre, sempre a mais bonita.

ANTES QUE EU MORRA

(Carlos Celso-CARCEL)


Antes que eu morra eu queria ter
certeza que não zombas do que digo,
certeza que não fui teu inimigo,
certeza que não fiz você sofrer.

Antes que eu morra eu queria ouvir
dizeres que a tí disse a verdade,
dizeres que a tí dei amizade,
dizeres que a tí eu fiz sorrir.

Antes que eu morra eu queria ao lado
você, mesmo fazendo-me culpado
por tudo que na vida nós passamos.

Antes que eu morra eu queria enfim
saber que você confiou em mim
e que na vida muito nos amamos.

domingo, 6 de setembro de 2009

A FLOR E O COLIBRÍ

(Carlos Celso-CARCEL)


O viço rubro das pétalas convidava
o solitário em fluorescente colibrí
que em pleno vôo estacionara alí
embriagado no fascínio que avistava.

Daquela flor que emanava essência,
fora, encantado, se chegando aos poucos
e os dois, a flor e ele, como loucos
beijaram-se ardentes de carência.

A pobre flor tão bela e solitária
entre a folhagem verde a sós brotara
e alí ficara a pedir amor.

Mas não tardara, com sua cauda leque,
pairando em pleno vôo, qual moleque,
o colibrí para amar a flor.

FADA, PRINCESA E RAINHA

(Carlos Celso-CARCEL)


Certo dia uma fada
como me diz a lembrança
fez nascer uma criança
pra ser feliz e amada.

Esta fada com a beleza
que a natureza lhe deu
quando a criança nasceu
se transformou em princesa.

Por tantos dotes que tinha
hoje ela é rainha
e a criança já crescida.

Me aqueceu com seu calor
me faz feliz com amor
é a minha mãe querida.


(18/abril/2008)

CALOR

(Carlos Celso-CARCEL)


Ela olhou-me, riu e disse assim
sinto um desejo enorme de chupar
sentir da minha boca esparramar
o néctar desse bom sabor em mim.

Busquei palavras pzara responder
e respondí: se acalme, se controle,
espere um pouco, ainda está mole
mas não demora pra endurecer.

Era um tempo de estio, quente,
desses que o calor maltrata a gente,
que andar descalço você queima os pés.

Abrí então a geladeira e ví,
quando peguei no pau logo sentí
que estavam duros todos picolés.


(20/maio/2008)

FLAGRA

(Carlos Celso-CARCEL)


De repente fiquei torpo
quando a gente namorava
pois ao sentir que entrava
ela tremeu no meu corpo.

Me apertando tenaz
quase quebrou o meu osso
dizendo que ele era grosso
e tava entrando por traz.

Se entrasse pela frente
talvez fosse diferente
dá pra ver o entra e sai.

Mas nem eu nem ela viu
quando na cozinha abriu
a porta que entrou seu pai.


(22/janeiro/2008)

GAIVOTA MULHER

(Carlos Celso-CARCEL)


Ergo o olhar, eis algo bonito
dentre as núvens rasante um lúmen brota
flutuando sutil uma gaivota
embeleza do alto o infinito.

Elegante no seu vôo ufano
a gaivota parece desfilar
de repente imagino-a vaguear
sobre as ondas azuis do oceano.

A beleza que vejo indescritível
no meu ego me deixa presumível
que a gaivota que vejo ela quer.

Me dizer de uma forma nascitura
emanando de sí essa candura
que a gaivota que vejo é mulher.


(06/maio/2008)

VOCÊ E EU

(Carlos Celso-CARCEL)


Você constrói monumentos
lares, casa, arranha-céu
eu me oculto num véu
a fugir de alguns momentos.

Você emana a beleza
que traduz sua candura
enquanto em minha postura
só contemplo a natureza.

És uma estrela que brilha
a refletir maravilha
no meu céu imaginário.

Eu sou um rio que deságua
felicidade e mágoa
num enorme estuário.


(Obs: a engenheira e o poeta) - 26/maio/2008