Carlos Celso Uchôa Cavalcante (18/junho/2011)
Uma fogueira no terreiro acesa
bandeirolas coloridas no varal
guloseimas de milho sobre a mesa
as crianças brincando no quintal
os adultos conversando em harmonia,
abraços, sorrisos de alegria
é o começo de um cerimonial.
Já é chegado também o sanfoneiro
com seu instrumento a tiracolo
olhando para cada companheiro
já inicia o primeiro solo
faz o triângulo tinido lindo
o zabumbeiro repica rindo
com seu zabumba abraçado ao colo.
Escureceu, no céu a lua brilha
iluminando todo aquele chão
a derramar imensa maravilha
sobre longínquas áreas do sertão
como aquela de que falo agora
e que entusiasta comemora
o "dia consagrado a São João"
Daí, então é tudo começado
extravasando-se felicidade
num clima fielmente conotado
com um perfil de pura humildade
sem exagero, sem sair do tino,
na índole real que o nordestino
tem por herança da natalidade.
É festa simples bem comemorada
que passa o tempo, a gente não esquece
entra na noite sai na madrugada
e só termina quando amanhece
mesmo cansados vê-se o riso manso
agora é a hora do descanso
grata lembrança que em mim permanece.
Pois, é, seu moço! meu Brasil é grande
e tem cultura onde não se investe
mas mesmo assim humildemente expande
pelo talento do "caba-da-peste"
como é tratado aquele cidadão
honesto, que vive no sertão
desse Brasil, nas brenhas do nordeste.
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