domingo, 30 de agosto de 2009

UM VELHO

(Carlos Celso-CARCEL)


Hoje me dói a cabeça
a visão já não é tanta
cada vez mais a voz rouca
me faz com que eu padeça
viver é bom e encanta
porém já envelhecido
me sinto quase vencido
com vitalidade pouca.

Cabelos embranquecidos
rugas mudando o semblante
audição deficiente
todos os membros vencidos
metamorfose humilhante
me faz a cada momento
ir tragando o sofrimento
da velhice deprimente.

Ando, vejo, ouço, falo
nenhum sentido perdí
porém cada um ameno
não há jeito de mudá-lo
agora que percebí
como a velhice é cruel
nos transforma em menestrel
depois nos faz tão pequeno.

Hoje apenas um volume
me sinto ocupando espaço
do passado só lembrança
mudei até de costume
aceitei sem embaraço
que a morte cruel e fria
me acompanhe noite e dia
segurando no meu braço.

Quando velho só a morte
é o almejo da gente
às vezes até cortês
com a gente, é nossa sorte
mesmo assim bem consciente
peço apenas pra lembrar
quando meu dia chegar
que viví entre vocês.

Nenhum comentário: