segunda-feira, 23 de novembro de 2009

TRABALHADOR FELIZ

(Carlos Celso-CARCEL)


Me sentei no banquinho lá da praça,
contemplei o enorme arranha-céu,
até rí, quando ví que não arranha,
mas o povo na sua artimanha
esquecendo a torre de babel,
colocou esse nome, até sem graça.

Mas, alí, meditando me lembrava
quantas mãos levantaram grande prédio;
pedra, ferro, argamassa, ferramenta,
suor quente do rosto complementa
essa metamorfose de intermédio
que o grande gigante levantava.

Hoje olha-se, vê-se imponente,
vai-e-vém, entra e sai todos os dias,
paletó e gravata a vestimenta
de um povo que hoje lhe frequenta
ministrando as suas primazias;
se conhece, nem lembra, aquela gente.

Porém, lembro-me, pude um deles ser,
duas mãos calejadas entre tantas,
sinto, ainda, nos lábios o salgado
do suor que por mim foi derramado,
mas eu posso dizer que, como plantas,
monumentos enormes fiz crescer.

O diploma que na parede falta
eu o tenho nas mãos, são esses calos;
se não ouço chamar-me de doutor,
orgulhoso, ouço trabalhador;
numa vida de poucos intervalos
ser feliz não é ser de classe alta.

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