sexta-feira, 25 de setembro de 2009

O TELEGRAMA

(Carlos Celso-CARCEL)


Mamãe! confesso que fiquei aflito
ao receber aquele telegrama,
em cujo tema, triste, esquisito,
me confessava tú prostrada à cama.

Porque será meu Deus? clamei ao céu,
que sobre quem por mim tanto sofreu
não fazer ser teu manto o seu véu
da proteção que sempre mereceu?

Noites insones, dias de jejum
fôra seu prêmio para me criar
e nada pude, em momento algum,
por recompensa lhe presentear.

Hoje que vejo-a em agonia,
te ofereço, Deus, a minha vida;
toma-me tudo, a vida, a alegria,
mas deixa em paz a minha mãe querida.

Se é pagamento por algum pecado
que a quisestes ao leito prostrada,
cobra-me tudo, Deus, sou desgraçado,
sem minha mãe a vida não é nada.

Assim, mamãe! eu blasfemei em brado
contra o supremo Deus que nos estima;
pede por mim: perdoe o meu pecado
e para mim o mal que te lastima.

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