segunda-feira, 7 de setembro de 2009

À MÃE MORTA

(Carlos Celso-CARCEL)


Nascí
viví
crescí
aqui estou.

Quanto decênios marcam a minha vida?
os mesmo que marcam a tua ida,
os mesmos que dois corpos separou.

Tuas entranhas me guardaram meses
sem que me visses, sei, feliz por vezes
podesses ser no tempo que restou.

Quando retinhas no ventre nascituro
teu primogênito, sei, grande futuro
para tí, para ele construías.

Tanta beleza, tanta pompa e glória
a inspirar-te fértil a memória
sem que soubesses que alí te ias.

Nascí
viví
crescí
aqui estou.

Nascí sem ver-te, não te conhecí,
porém, por todo tempo te sentí
como que estejamos lado a lado.

Viví dolente a sentir a chama
do peito que febril chora, reclama
a mãe do pobre filho apaixonado.

Crescí contigo na memória ativa
sei que não vives, porém sempre viva
tu estarás no meu viver diário.

Aqui estou, mamãe, com os amores
que não te dei, mas te ofereço em flores
sobre o teu monumento funerário.

Nenhum comentário: